Na última semana os olhos do Brasil se viraram para Parintins, a conhecida como Ilha da Magia localizada no estado do Amazonas. Anualmente, o local é palco do maior festival folclórico do país, marcado pela disputa tradicional dos bois Garantido e Caprichoso, que este ano chegou em sua 58ª edição.
Em cada edição o evento reúne milhares de pessoas, sejam os moradores da região ou turistas que querem viver essa experiência. Entre os presentes este ano, estavam roraimenses, que viajaram mais de 1.100 km para participar do festival.
A Ádria é estudante, e foi para Parintins com os pais. A curiosidade em vivenciar o evento vem desde a infância, motivada pelos pais. Em sua primeira experiência no festival foi positiva para ela.
“Eu achava que eu não ia gostar tanto quanto eu gostei. Aqui é tudo muito legal, é lindo e glamuroso. Parece que a gente não tá no Brasil. As alegorias, os itens, é tudo muito lindo”, disse.
Não satisfeita em apenas assistir, a Ádria e os pais participaram do festival no meio da ‘galera’, contribuindo para o desempenho da torcida que é considerada um dos itens de avaliação. “É muito doido! É incrivel! Você se arrepia dos pés a cabeça, e quer viver aquilo ali sempre”.
Dizem que não é a pessoa que escolhe o boi, e se o contrário. A estudante afirmou ter sido escolhida pelo Caprichoso, apesar de também ter simpatizado do Garantido. “Você chega aqui pensando ‘nossa mas como as pessoas aqui gostam tanto de boi? não enjoam?’. Mas quando você vai pra arena pela primeira vez, você entende. É muito lindo o amor que as pessoas tem pelo boi”, concluiu a jovem.
Enquanto a Ádria e os pais torcem pro Caprichoso, na torcida do boi contrário também tem roraimense – ou melhor, ‘roraimada’.
A jornalista Aymê Tavares nasceu em Parintins, e aos 11 veio morar em Roraima. O festival já faz parte da tradição familiar, e está presente na vida dela desde pequena. “Viver essa experiência é lindo. Tem sido incrível, a cidade fica colorida, fica tudo lindo”, disse.
Ela também foi assistir ao festival na galera, e compartilhou a experiência vivida. “É aquela loucura. As pessoas dormem na fila, amanhecem na fila pra que consigam entrar. Eu cheguei 5h da manhã na segunda noite. Quando a gente tá na galera tem que cantar, dançar, fazer as coreografias. Tem que ser lindo para que a gente vença”.
Para chegar até a Ilha da Magia, várias pessoas enfrentam mais de 24h de viagem. A Aymê por exemplo, precisou de dois meios de transporte diferentes para chegar ao local do festival.
“A viagem é um sufoco, um sufoco mesmo. Eu vim de ônibus até Manaus e depois de barco até Parintins. É muita gente, é muita loucura, mas valeu a pena! São quase 20h de barco, naquele calor, naquela coisa maluca, mas vale a pena, é lindo!”, relatou a jornalista.
Temas dos Bois
Esse ano, o Boi azul e preto levou o tema “É Tempo de Retomada”, um manifesto da cultura popular pela vida em todo o planeta. “É um chamado para retomarmos práticas antigas e curativas para a vida e para a continuidade da humanidade”, disse o presidente do Conselho de Arte do Boi Caprichoso, Ericky Nakanome.
Já o Boi vermelho e branco apresentou seu tradicional slogan, criado em 1980, para arena. Com o tema “Boi do Povo, Boi do Povão”, a associação promete um espetáculo vibrante, emocionante e inovador para mostrar a sua tradição e conexão com a sua torcida.
Resultado do Festival
Após três noites de apresentação, a apuração do festival foi realizada nesta segunda-feira (30), no bumbódromo de Parintins. Ao todo, são julgados 21 itens, divididos em três blocos, que compõem a apresentação de cada bumbá.
Nessa edição, o Boi Garantido levou a melhor, e conquistou seu 33º título no festival. Apesar de ser o maior campeão da história do Festival de Parintins, o Garantido não vencia desde 2019. A conquista deste ano encerra um jejum de seis anos.
Ao fim da apuração, o Boi vermelho e branco computou 1.259,1 pontos, enquanto o Boi azul e preto fechou com 1.258,6.