Depois da declaração da Polícia Federal de que o trabalho de proteção da Terra Indígena Yanomami era um “desafio logístico“, um documento de “informação técnica” da Fundação Nacional do Índio (Funai) apresentado nesta quarta-feira, 15, ao Supremo Tribunal Federal (STF) afirma que o órgão do governo federal “não dispõe de requisitos mínimos” para proteger satisfatoriamente a população da Terra Indígena Yanomami, maior reserva indígena do país, que se estende por 10 milhões hectares entre Amazonas e Roraima.
O documento é assinado por Geovanio Pantoja, coordenador-geral substituto de índios isolados e de recente contato da Funai, e responde a ordem do ministro Luís Roberto Barroso em uma ação sobre medidas de proteção a comunidades indígenas contra a Covid.
Pantoja também denunciou o avanço do garimpo ilegal na região, o que chamou de “problema estrutural”.
Embora seja um problema existente desde a redemocratização, “tem[-se] assistido nos últimos anos a um forte recrudescimento, de modo que [se] encontra hoje um paroxismo manifesto na ocupação disseminada da Terra Yanomami pela malha garimpeira, concentrada em calhas de rios”.
O coordenador-geral substituto cita uma estimativa de 2019 de autoria de lideranças indígenas, de acordo com a qual havia pelo menos 20.000 invasores no terra indígena.
Dentre agressões cometidas pelos invasores contra as populações nativas do território, o documento lista cooptação, oferta de drogas, abuso e exploração sexual.