Boa Vista foi palco, nos dias 15 e 16 de dezembro, de uma articulação considerada estratégica para a proteção de meninas e mulheres indígenas Yanomami e Ye’kwana. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) reuniu órgãos federais, estaduais e municipais para avançar na construção de um protocolo específico de enfrentamento à violência, voltado às realidades culturais e territoriais desses povos.
A agenda, coordenada pela Diretoria de Direitos Humanos e Políticas Sociais (DHPS) da Funai, integra as ações da Força-Tarefa Yanomami e Ye’kwana e colocou no centro do debate a qualificação dos fluxos de atendimento às vítimas, a atuação em rede e a definição de responsabilidades institucionais — pontos considerados essenciais diante da vulnerabilidade enfrentada por mulheres indígenas, especialmente em contextos de deslocamento e trânsito pelo território.
Participaram das discussões a Coordenação Regional da Funai em Roraima, a Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’kwana, o Centro de Referência em Direitos Humanos Yanomami e Ye’kwana (CREDHYY), o Centro de Atendimento Integrado à Criança Yanomami e Ye’kwana (CAICYY) e representantes da Casa de Governo.
Segundo a diretora de Direitos Humanos e Políticas Sociais da Funai, Pagu Rodrigues, a agenda representou um avanço concreto na organização do atendimento às populações indígenas. “Foi possível construir um fluxo mais claro e preciso entre as instituições para atender situações de violência e vulnerabilidade, inclusive envolvendo indígenas Yanomami e Ye’kwana que estão em trânsito pelo território”, afirmou.
Protocolo em construção
No segundo dia da programação, a Funai promoveu a Oficina de Formação com a Rede Interinstitucional de Enfrentamento à Violência contra Meninas e Mulheres. O encontro aprofundou debates sobre atendimento intercultural, escuta qualificada e a necessidade de respostas integradas entre os órgãos que atuam na linha de frente.
De acordo com Pagu Rodrigues, a escuta das instituições estaduais foi fundamental para aprimorar a proposta do protocolo. “O debate trouxe contribuições muito qualificadas. Em breve, teremos um texto consolidado que servirá como referência de atendimento não só para Roraima, mas também para outros territórios indígenas no Brasil”, explicou.
A presidente da Funai, Joenia Wapichana, destacou que a iniciativa fortalece a atuação do Estado ao organizar atribuições e fluxos de responsabilidade. “A análise coletiva do documento é um avanço importante. A articulação entre instituições federais, estaduais e municipais é o que permite respostas efetivas e integradas na garantia de direitos dos povos indígenas”, afirmou.
O Protocolo de Enfrentamento à Violência contra Meninas e Mulheres Indígenas é considerado uma ferramenta central para qualificar atendimentos, garantir acesso à proteção e à justiça e oferecer maior segurança às equipes que atuam nos territórios.
As ações realizadas em Boa Vista reforçam o papel da Força-Tarefa Yanomami e Ye’kwana e apontam para a consolidação de estratégias permanentes de proteção, respeitando os modos de vida, as especificidades culturais e os direitos dos povos indígenas








