Local onde restos mortais da vítima foram localizados. Foto: divulgação/PCRR

Chegou ao fim o mistério que envolvia o desaparecimento de Maria das Graças Costa Lima, de 38 anos. A Polícia Civil de Roraima (PCRR), por meio da Delegacia de Polícia de São João da Baliza, esclareceu completamente o caso, que se revelou um crime de feminicídio com ocultação de cadáver. O desfecho foi possível após a prisão preventiva do ex-companheiro da vítima, a confissão do crime e a localização do corpo, resultado de uma investigação técnica, contínua e criteriosa.

O suspeito, identificado pelas iniciais V.M.S., de 37 anos, foi preso preventivamente no dia 18, após a Polícia Civil representar pela medida ao Poder Judiciário. A decisão foi motivada pelas contradições apresentadas pelo investigado e pelos fortes indícios de seu envolvimento no desaparecimento. Somente após a prisão, durante interrogatório conduzido pelo delegado Bruno Gabriel Bezerra Costa, responsável pelo caso, o suspeito confessou o homicídio e detalhou a dinâmica do crime, bem como os atos praticados para ocultar o corpo.

Foto: Ascom/PCRR

Segundo a confissão, o crime ocorreu no dia 1º de dezembro de 2025, na residência do casal, em São João da Baliza. O investigado alegou que não houve premeditação e que o homicídio foi motivado por uma discussão decorrente de ciúmes. De acordo com seu relato, a vítima estava deitada no quarto quando foi abordada. Ele utilizou um pano umedecido com álcool para asfixiá-la, impedindo qualquer reação ou tentativa de fuga.

Ainda conforme o depoimento, Maria das Graças tentou se desvencilhar e chegou a gritar por socorro, gritos que teriam sido ouvidos por vizinhos. Ela teria tentado correr em direção à sala, mas foi alcançada e levada novamente ao quarto, onde o crime foi consumado. Após o homicídio, o corpo permaneceu oculto no interior da residência.

O suspeito revelou que manteve a rotina doméstica normalmente após o crime, convivendo com os filhos, que não eram da vítima, e preparando refeições, enquanto o corpo permanecia no local. No momento do homicídio, as crianças estavam na escola, o que, segundo ele, facilitou a ocultação temporária.

Por volta das 11h do mesmo dia, o investigado retirou o corpo da residência utilizando uma carrocinha pertencente a um familiar, cobrindo-o com uma lona para evitar que fosse visto. Ele também afirmou ter feito a limpeza do quarto, onde havia manchas de sangue, com o objetivo de eliminar vestígios.

O corpo foi transportado até a área do lixão do município de Caroebe, onde foi descartado. Conforme o relato, o suspeito ainda ateou fogo ao corpo com o uso de um isqueiro, na tentativa de dificultar a identificação da vítima e a apuração dos fatos. O aparelho celular de Maria das Graças também foi queimado no local.

As investigações apontaram que, entre os dias 30 de novembro e 1º de dezembro, o investigado utilizou o telefone e as redes sociais da vítima para simular que ela ainda estava viva, numa tentativa de enganar familiares e despistar a Polícia Civil.

Outro elemento que reforçou a linha investigativa foi o fato de a vítima ter sido agredida dias antes do desaparecimento, episódio registrado em vídeo pela própria Maria das Graças. Desde o início, o caso foi tratado como prioridade pela Polícia Civil.

Com base na confissão e nas informações prestadas, equipes da PCRR realizaram diligências imediatas e, por volta das 18h do dia 18, localizaram o corpo da vítima, confirmando que o desaparecimento se tratava de um feminicídio com ocultação de cadáver.

O corpo foi removido pelo Instituto de Medicina Legal (IML), por meio do Núcleo de Perícia Forense Regional Sul. O investigado será apresentado em audiência de custódia nesta quinta-feira, dia 19. O inquérito policial segue em fase de conclusão, com a juntada de laudos periciais e demais provas.

O delegado Bruno Gabriel Bezerra Costa destacou a gravidade e a crueldade do crime, ressaltando a frieza do investigado após o homicídio.

“Trata-se de um crime extremamente cruel. O investigado matou a ex-companheira, ocultou o corpo dentro da própria residência e continuou vivendo normalmente, simulando uma rotina comum, inclusive na presença dos filhos. Ele utilizou o celular da vítima para simular que ela estava viva e, posteriormente, descartou o corpo em um lixão, tentando destruí-lo pelo fogo”, afirmou.

O delegado ressaltou ainda que a prisão preventiva foi decisiva para o avanço das investigações.

“A medida foi fundamental para obtermos a confissão e localizarmos o corpo, encerrando um mistério que causava angústia à família e à sociedade. Foram realizadas inúmeras diligências e levantamentos técnicos. A Polícia Civil de Roraima dá uma resposta firme, demonstrando que crimes dessa natureza não ficarão impunes”, concluiu.

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