Foto: Alfredo Maia

A identidade cultural dos povos indígenas foi representada durante a Feira de Artesanato Indígena, promovida na manhã desta quarta-feira (16) como parte da programação do lançamento dos “18 Objetivos Sustentáveis de Desenvolvimento”, a ODS 18 – Povos Indígenas.

Artesãos das etnias Macuxi, Wapichana e Wai Wai expuseram obras como biojoias, cestaria, artigos de decoração e acessórios, além de remédios, produtos naturais, farinha e caxiri, no Espaço Cultural Maria Luiza Vieira Campos, da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Conforme pontuou o presidente da Associação de Secretários Indígenas de Roraima, Romário da Silva, que foi o articulador desta Feira, este momento é fundamental para mostrar o valor do trabalho cultural.

“Estamos tendo a oportunidade de lançar a ODS 18 para os povos indígenas e não poderia deixar de trazer a cultura, a valorização dos municípios que hoje estão participando desse momento tão importante”, disse.

Os 18 Objetivos visam firmar o compromisso com o desenvolvimento humano aliado à preservação ambiental e à justiça social. Para Romário, é primordial manter a cultura viva de maneira sustentável.

“A sustentabilidade dentro das comunidades pode ser transformada em empreendedorismo. Hoje o turista valoriza muito o trabalho dos artesãos e se você perceber, todas as peças têm um pouco da reciclagem da madeira, da semente, da pena”, exemplificou.

Vanda Domingos é indígena da etnia Macuxi e estava entre os expositores com colares e brincos feitos com sementes e miçangas. Artesã há 48 anos, ela destaca a importância de eventos como este, para a valorização da cultura dos povos originários.

“Eu aprendi a fazer tudo isso quando criança com minha mãe e hoje todos os meus filhos produzem as peças, é algo passado de geração para geração. Então expor esse trabalho é uma forma de valorizar a todos nós artesãos que buscamos manter a nossa cultura viva”, acrescentou.

Foto: Jader Souza

Já a artesã Ana Kelly Andrade da Silva trouxe cocares, cestaria de palha de buriti, vasos de bambu e colares de pena. Ela contou que na comunidade onde vive, no Boqueirão, é comum a prática de reciclagem.

“O planeta precisa de nós, então é o momento de cada um fazer a sua parte de salvar o lugar em que vivemos. Por isso que na comunidade fazemos uma verdadeira reciclagem tanto com o que tem na natureza quanto com o que é produzido pelo homem”, compartilhou.

Foto: Jader Souza

Valorização da cultura

O presidente do Poder Legislativo, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), frisou que o respeito aos povos originários estimula a concretização de outros direitos que garantam a qualidade de vida e a proteção dos indígenas.

“Essas lutas são diárias, especialmente quando se fala da qualidade da educação, da saúde, da estrutura e da valorização da cultura, que se dá através do respeito. Abrir um espaço na Casa do Povo para realizar a feira é uma forma de valorizar o que é referência no nosso estado”, adicionou.

A secretária de estado dos Povos Indígenas, Siria Maria Mota, esteve presente no evento. Ela enfatizou que a produção artesanal, além de manter a cultura dos povos originários viva, é uma forma eficiente de geração de renda.

“A produção fortalece esses artesãos e a essa sobrevivência deles por meio da geração de renda. Então, esse fortalecimento é amplo, e como secretária atendemos todas as etnias e toda a população que nos procura”, concluiu.

Exposição literária e artística

Como parte da programação da Assembleia Legislativa de Roraima, durante o lançamento do ODS 18 – Povos Indígenas, uma exposição literária e artística ocorreu nesta quarta-feira (16), no Espaço Maria Luiza Vieira Campos. A atividade destaca a diversidade cultural e o protagonismo indígena no Estado.

A mostra apresenta a obra coletiva Vovó Jamanxim, escrita por estudantes do curso de magistério indígena do Campus Avançado Bonfim do Instituto Federal de Roraima (CAB/IFRR). O livro é um importante registro cultural que preserva a história, a língua e os saberes do povo Macuxi, com foco nas crianças das escolas indígenas de Normandia.

Além da literatura, a exposição também conta com a participação do artista visual Vinicius Kenede, da Comunidade Indígena Raposa 1, em Normandia. Suas ilustrações complementam o livro com elementos do cotidiano e da cosmologia Macuxi, e tem o objetivo de dialogar com o público de todas as idades.

“Recebi o convite da gestora da escola municipal, e o trabalho foi construído de forma coletiva. Ilustrei com base no que temos de mais precioso: a nossa cultura, de um jeito que crianças e adultos possam se identificar”, afirmou o artista. “Posso dizer que esse espírito coletivo reflete exatamente a nossa vivência enquanto povo.”

Desenhista desde a infância, Kenede já teve obras expostas ao lado de Jaider Esbell, na OAB, na 1ª Conferência de Direitos dos Povos Indígenas (2024), na reabertura da Galeria Jaider Esbell de Arte Indígena Contemporânea e no Congresso Internacional Mundos Indígenas América.

Foto: Nonato Sousa

ODS 18 – Povos Indígenas

Os 18 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 18) – Povos Indígenas foi, oficialmente, lançado na Assembleia Legislativa de Roraima durante cerimônia nesta quarta-feira (16).

Os ODS são objetivos globais adotados pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) para atuar em ações diversificadas como a erradicação da pobreza, acabar com a fome, assegurar bem-estar para todos, educação inclusiva, igualdade de gênero, saneamento básico, proteção do meio-ambiente, acesso à justiça para todos, fortalecimento dos meios de implementação e revitalização da parceria global para o desenvolvimento.

O estado de Roraima foi escolhido pelo Movimento Nacional ODS para receber o evento porque é o primeiro estado a adotar esse objetivo focado nos povos indígenas.

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