Uma mulher de 46 anos, identificada pelas iniciais J.P.C., foi presa em flagrante dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, ao se passar por advogada para atuar junto a lideranças de facções criminosas. A prisão ocorreu na segunda-feira, 29, durante atendimento a presos apontados como integrantes e líderes de organizações criminosas.
Segundo a investigação, a mulher utilizava credenciais adulteradas da Ordem dos Advogados do Brasil para acessar unidades prisionais. Ela marcava atendimentos em nome de advogados regularmente inscritos, mas comparecia sozinha e direcionava as visitas exclusivamente a chefias de duas facções, uma de origem brasileira e outra de atuação transnacional. O objetivo era facilitar a comunicação ilícita entre internos e pessoas fora do sistema prisional.
A prisão foi realizada no momento em que a suspeita atendia detentos faccionados. Durante a revista pessoal e no veículo utilizado por ela, foram encontrados bilhetes manuscritos com mensagens entre integrantes de facções criminosas. Parte do material estava escondida nas roupas íntimas da investigada. Também foram apreendidos documentos, aparelhos eletrônicos, medicamentos de uso controlado e R$ 1.450 em dinheiro.
Após a detenção, a mulher foi levada à Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, onde foi autuada em flagrante pelo delegado Wesley Costa de Oliveira.
“Trata-se de uma conduta extremamente grave, porque além da falsificação documental, a investigada se utilizava indevidamente das prerrogativas da advocacia para burlar os protocolos de segurança do Sistema Prisional. Todos os atendimentos eram voltados a lideranças de facções criminosas, inclusive de organização transnacional, o que demonstra uma atuação direcionada e consciente em favor do crime organizado”, destacou o delegado.
Ela foi autuada pelos crimes de integrar organização criminosa, uso de documento falso, falsidade ideológica e falsificação de documento público, conforme a Lei nº 12.850/2013 e o Código Penal. As investigações também apontaram que a inscrição de estagiária da suspeita estava cancelada desde 8 de abril de 2024 e que a carteira apresentada possuía adulterações consideradas grosseiras.
Ainda de acordo com a apuração, a falsa advogada atuava como elo de comunicação clandestina dentro do sistema prisional, explorando indevidamente a credibilidade associada à advocacia para driblar a fiscalização e fortalecer estruturas do crime organizado.
Diante das provas, foi lavrado o Auto de Prisão em Flagrante. Por se tratar de crime inafiançável no âmbito da Polícia Judiciária, não houve arbitramento de fiança. Um representante da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima acompanhou a ação.
Na manhã desta terça-feira, 30, a prisão em flagrante foi homologada em audiência de custódia e convertida em prisão preventiva. A mulher foi encaminhada ao sistema prisional. As investigações continuam para apurar a extensão da atuação criminosa e a possível participação de outros envolvidos.








