Crianças e adolescentes de 9 a 18 anos, participantes do grupo de habilidades sociais e emocionais do Centro de Acolhimento ao Autista (TEAMARR), da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), visitaram, nesta quarta-feira (7), a exposição sensorial ‘Amarzônia – A vida em sua complexidade’. A mostra destaca as riquezas da fauna e flora do bioma amazônico roraimense e estará aberta ao público até o fim deste mês, na Intendência de Boa Vista, na orla Taumanã.
A estudante Dyully Rodrigues, de 15 anos, começou os atendimentos no TEAMARR no início deste ano e relatou avanços significativos na comunicação e socialização com outros jovens. Durante a visita, ela compartilhou sua experiência:
“Com os acompanhamentos, consegui melhorar minha comunicação e interação social. Já fiz duas amizades novas este ano e agora iniciei mais uma. Esse projeto [Grupo de Habilidades Sociais e Emocionais] é muito interessante e o passeio foi maravilhoso. Pudemos tocar nos objetos, ouvir sons, como se estivéssemos mesmo dentro da Amazônia, em contato direto com as espécies. Aprendi muito hoje. Sou descendente de indígena, mas ainda não tinha tido essa oportunidade”, contou.
Igor Matos, também de 15 anos, explicou que antes do atendimento pelo TEAMARR era tímido e tinha dificuldades para se expressar. Para ele, vivências como essa ampliam as possibilidades de interação social.
“Antes, eu não sabia conversar com as pessoas, era muito fechado. Os acompanhamentos têm me ajudado nisso. Foi minha primeira vez em uma exposição como essa, e quero conhecer outras. Achei tudo muito legal, principalmente a parte com os insetos e outros bichos”, comentou.
O grupo de habilidades sociais e emocionais foi criado em 2023 e realiza tanto atividades internas quanto ações externas. Segundo a coordenadora e psicopedagoga Jane Lira, experiências como essa são fundamentais para estimular aspectos cognitivos e sensoriais.
“Essa foi nossa primeira atividade externa. A exposição ofereceu uma vivência única, essencial para o desenvolvimento sensorial dos participantes. Hoje temos 98 jovens atendidos, divididos em oito grupos. Os encontros ocorrem às quartas e quintas-feiras, pela manhã e à tarde, na sede do TEAMARR”, explicou.
A vida em sua complexidade
A exposição propõe um mergulho sensorial e simbólico no bioma amazônico, abordando sua diversidade a partir de uma perspectiva ancestral e plural. O circuito interativo permite que o público toque, ouça e vivencie a riqueza natural da região. A produção da mostra levou cerca de três anos, entre pesquisas e catalogação de espécies, e contou com mais de 20 colaboradores.
Para a coordenadora técnica da exposição, Dayse Oliva, o caráter interativo é um dos principais diferenciais.
“Aqui o visitante encontra elementos da Amazônia roraimense, como a fauna, flora, artesanato indígena e geologia. Foi gratificante receber essas crianças e adolescentes. Como a exposição permite tocar e sentir os objetos, isso é muito relevante para quem está no espectro autista. Tivemos cuidado com estímulos que poderiam causar desconforto, mas a experiência foi tranquila e enriquecedora”, destacou.