Senador Chico Rodrigues (PSB-RR) Foto: Agência Senado

Nos últimos dias, a presença de caças militares americanos sobrevoando regiões próximas ao território venezuelano e a interceptação de navios petroleiros aumentaram a pressão dos Estados Unidos contra o governo de Nicolás Maduro. No domingo (21), autoridades norte-americanas interceptaram o terceiro navio petroleiro nas proximidades da costa da Venezuela, o que ampliou ainda mais o clima de tensão entre os dois países.

O cenário preocupa autoridades brasileiras, especialmente nos estados que fazem fronteira com a Venezuela. Em entrevista à Rádio Senado, o senador Chico Rodrigues (PSB-RR) comentou o impacto da crise internacional em Roraima e afirmou que o governo brasileiro acompanha de perto a deterioração das relações entre Washington e Caracas.

Segundo o senador, a postura dos Estados Unidos tem mantido um clima constante de instabilidade na região.

“É um clima de tensionamento permanente por parte do governo americano, com a alegação de narcotráfico por parte dos Estados Unidos. Mas nós sabemos que existem motivos estratégicos, que é o petróleo. A Venezuela tem a maior produção de petróleo do planeta, superando até a Arábia Saudita. Isso é geopolítica pura”, diz o senador sobre as ameaças norte-americanas.

Chico Rodrigues também avalia que a pressão exercida pelos Estados Unidos faz parte de uma estratégia global de poder e influência.

“Os Estados Unidos, pela sua posição global de liderança, querem, por todos os meios, exercer essa pressão sobre a Venezuela, anunciando sanções. A Venezuela fala em ‘Marcha da Revolução Profunda’ — para pedir apoio aos seus aliados, como Rússia e China.”

As recentes interceptações de embarcações na região também foram citadas pelo parlamentar. Segundo ele, o governo americano justifica as ações afirmando que os navios transportariam petróleo venezuelano.

“Eles foram interceptados, na justificativa do governo americano, é que eles transportam petróleo.”

O senador lembrou ainda que episódios de violência marítima têm se repetido nos últimos meses.

“Desde setembro já foram mais de 25 ataques a embarcações ali no Pacífico, no Caribe, provocando a morte de mais de 95 pessoas. Tudo isso, com a justificativa do governo americano, de que a Venezuela é a grande rota do narcotráfico para os Estados Unidos. Não sabemos se isso é verdade, o Itamaraty está acompanhando.”

Para Roraima, o agravamento do conflito é motivo de preocupação constante. O estado possui cerca de mil quilômetros de fronteira com a Venezuela, o que torna qualquer escalada militar ou diplomática um risco direto para a população local.

“Roraima tem mil quilômetros de fronteira com a Venezuela, é uma preocupação constante para a população aqui. Isso [guerra] não é bom para a América Latina inteira. O petróleo ainda vai ser — por muitos e muitos anos — a grande moeda de negociação entre os países, por ter mais tecnologia e possibilidades de utilização”, afirmou.

Chico Rodrigues também destacou o impacto humanitário da crise venezuelana em território brasileiro.

“Por Roraima já passaram, nesses últimos anos, 800 ou 850 mil venezuelanos. Ficaram por aqui, vivem 120 mil — sendo 80% na capital e os demais no interior”, contou o senador.

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