O senador Dr. Hiran Gonçalves (Progressistas-RR) manifestou, nesta quarta-feira (23), repúdio público diante das graves denúncias que levaram ao afastamento do presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto. A medida foi determinada pela Justiça no mesmo dia em que a Polícia Federal (PF), em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU), deflagrou a “Operação Sem Desconto”, que investiga um esquema bilionário de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões.
Segundo a PF, os valores desviados ilegalmente de beneficiários do INSS podem ultrapassar R$ 6,3 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024, período que compreende as gestões dos presidentes Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Os descontos eram efetuados por entidades associativas que, por meio de Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS, supostamente agiam sem a autorização dos segurados.
Em nota oficial, o senador classificou o caso como uma “afronta inadmissível aos direitos e à dignidade de milhões de brasileiros”, cobrando explicações urgentes por parte do Ministério da Previdência Social. Dr. Hiran também destacou o impacto institucional da denúncia, especialmente por envolver integrantes da cúpula do INSS.
Enquanto isso, em Roraima
No dia em que o senador divulgou a nota de repúdio contra o ex-presidente do INSS, em Roraima, seu estado de origem, completava-se um ano do assassinato do casal de agricultores Flávia Guilarducci, de 50 anos, e Jânio Bonfim de Souza, de 57, mortos em uma propriedade rural na vicinal do Surrão, no município de Cantá em 23 de abril de 2024. As investigações mostram que houve envolvimento de um ex-segurança do governador Antonio Denarium (PP) ligado ao caso.
O senador Hiran não emitiu nenhuma nota, com pedido de justiça ou repudiando o fato de o principal supeito de ser o autor ter sido reincorporado à Polícia Militar de Roraima.
Dr. Hiran passou por diversas situações similiares a esta do INSS de ontem, em casos de afastamento de autoridades públicas, até em operações da Polícia Federal também. Todas elas no governo de Antonio Denarium, principal e maior aliado do senador.
Cito exemplos: o ex-controlador-Geral do Estado, Régys Freitas, por exemplo, acabou de ser afastado do cargo depois de uma nova fase de operação da Polícia Fedeal apontar envolvimento dele em um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões da Universidade Estadual de Roraima, quando ele foi reitor. O senador Hiran Gonçalves, não deu um piu sobre este assunto. Não teve nota de repúdio, voz alterada ou segue de justiça.
Houve ainda o afastamento (a pedido) de Dilma Costa, então presidente do Iteraima, acusada pela CPI das Terras de favorecer amigos do governador, o filho de Denarium, e empresários aliados ao grupo deles, do mesmo partido de Dr. Hiran, inclusive, e sem nenhuma manifestação pública do senador Hiran. Também é importante recordar que o senador não manifestou sequer descontentamento, imagine notinha de desagravo, ou clamor em voz alta por moralidade com a coisa pública.
O cuidado que o senador mantém com o erário é muito seletivo.
Leia a íntegra da nota de repúdio divulgada pelo parlamentar sobre o caso do INSS, nesta quarta (23)
“É com profunda indignação que manifestamos nosso repúdio diante das graves denúncias que envolvem o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, afastado de suas funções no âmbito da Operação Sem Desconto, deflagrada nesta quarta-feira 23, pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União.
As investigações revelam a existência de um esquema nacional de descontos indevidos e não autorizados sobre benefícios previdenciários, que, segundo apurações, geraram um prejuízo bilionário de R$ 6,3 bilhões a aposentados e pensionistas entre os anos de 2019 e 2024.
Trata-se de uma afronta inadmissível aos direitos e à dignidade de milhões de brasileiros que, após anos de contribuição, dependem do INSS para garantir uma vida minimamente digna. O suposto envolvimento de integrantes da alta gestão do órgão em práticas irregulares e criminosas fere a confiança da população nas instituições públicas e atinge diretamente os mais vulneráveis.
O Ministério da Previdência, comandado pelo ministro Carlos Lupi, precisa oferecer esclarecimentos urgentes à sociedade sobre esse caso em que pairam as suspeitas de fraudes e de corrupção em grande escala, com consequências para todo o governo federal.
Reforçamos a importância da responsabilização rigorosa de todos os envolvidos e da imediata reparação dos danos causados. Que os culpados sejam punidos com o máximo rigor da lei e que medidas estruturantes sejam adotadas para impedir que crimes dessa natureza voltem a ocorrer”.