Foto: Reprodução/SupComALE-RR

Durante reunião da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), na manhã desta quinta-feira (14), foram discutidas soluções para o tratamento de crianças com câncer no estado. Deputados se comprometeram em destinar parte do orçamento anual para a criação do Centro Oncológico Pediátrico.

O encontro ocorreu no Plenário Valério Caldas Magalhães, com a presença do presidente da Casa, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), Dr Cláudio Cirurgião (União), presidente da comissão; Tayla Peres (Republicanos) e Catarina Guerra (União), além do defensor público, Oleno Matos. Também participaram a vereadora Bárbara Falcão (Progressistas), o secretário adjunto de Saúde de Boa Vista, Álvaro Alves, a médica e cirurgiã oncológica Talyta Sposito e representantes do Hospital de Amor de Barretos, que atende pacientes de Roraima na modalidade TFD (Tratamento Fora de Domicílio).

Para o presidente da ALE-RR, deputado Soldado Sampaio, o tratamento de câncer do público infantojuvenil, bem como o acolhimento dos familiares, é um tema de suma importância, tendo em vista que todo paciente oncológico pediátrico de Roraima precisa se tratar fora do estado.

“Temos que discutir a importância de termos um centro em apoio às crianças. É uma preocupação nossa, então estamos em busca de discutir normas, emendas e criar essa sensibilidade junto à classe política, junto ao poder público e, em especial à sociedade organizada, para atender a esse público”, destacou.

Conforme destacou o presidente da Comissão de Saúde e Saneamento da ALE-RR, deputado Dr Cláudio Cirurgião, Roraima é um dos poucos estados do país que não tem um Centro Oncológico Pediátrico e a instalação de uma unidade especializada favorece o diagnóstico precoce, tratamento humanizado e acompanhamento sem burocracia.

“Existem 75 centros especializados no Brasil e apenas três na Região Norte. Nos estados que têm essas unidades, a chance de cura e de sobrevida em cinco anos ultrapassa 80%, diferente dos estados que não possuem centro especializado. A mortalidade na nossa região é duas vezes a mortalidade do restante do país em termos de oncologia pediátrica”, explicou.

O próximo passo é reunir com os demais deputados da Casa para buscar apoio e unanimidade no investimento de recursos para a criação do centro em Boa Vista, que irá atender a todo o Estado de Roraima.

“Vamos estabelecer parte do orçamento do estado para a alta e média complexidade para o município de Boa Vista investir nisso. O valor inicial estimado será de R$ 10 milhões para a implementação e manutenção desse centro especializado, que ocorreria no Hospital da Criança”, informou o deputado Dr Cláudio Cirurgião.

Atendimento em Roraima

O secretário-adjunto da Saúde de Boa Vista, Álvaro Alves, afirmou que a capital está comprometida em implantar o atendimento oncológico infantil no Hospital da Criança Santo Antônio, mas destacou que a efetivação do serviço depende também de apoio financeiro do Governo de Roraima.

De acordo com Álvaro, a legislação e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) estabelecem que o município tem até 30 dias para fechar o diagnóstico de um paciente com suspeita de câncer e, após a confirmação, mais 60 dias para iniciar o tratamento.

“Entretanto, precisamos entender que o Hospital da Criança atende por delegação de competência do estado para tratar pacientes de zero a 13 anos, com média e alta complexidade. O SUS repassa recursos para isso, mas eles não cobrem 100% da demanda”, frisou.

Álvaro ressaltou ainda que, cerca de 30% da população do estado tem entre zero e 14 anos e que todo atendimento ambulatorial infantil até 16 anos é de responsabilidade do município. Por isso, defendeu que o planejamento orçamentário estadual inclua recursos extras, além do repasse do SUS, para financiar serviços de média e alta complexidade.

Projeto Davi

Todo o debate na Assembleia Legislativa sobre o tema surgiu devido ao aumento de demandas de oncologistas locais e de Barretos, uma vez que é crescente o número de diagnóstico do público pediátrico. Com isso, surgiu a busca de melhorias estruturais para atender os pacientes da região.

Dessa forma, a discussão usa como base o projeto “Davi – pequenos guerreiros, grandes desafios”, que visa a implantação do serviço oncológico para crianças e adolescentes no estado. A proposta foi apresentada durante o encontro pela médica e cirurgiã oncológica, Talyta Sposito.

Ela defendeu que, quanto mais forem criados centros especializados próximos, maior é a chance de aumentar a expertise dos profissionais da região para que haja a sensibilização nos pequenos sinais de sintomas da doença e, assim, fazer o diagnóstico precoce.

“A partir do momento que não se faz o diagnóstico precoce, nós vamos ter diagnósticos avançados e que a chance de cura vai decaindo conforme o atraso desse diagnóstico. Então, não é que a nossa população pediátrica não tem câncer, é que nós não estamos diagnosticando câncer neles”, argumentou.

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