Cecília Lorezon. Foto: Secom RR

O deputado estadual Dr. Cláudio Cirurgião (União Brasil) denunciou nesta semana que a secretária de Estado de Governo Digital de Roraima (SEGOD), Cecília Lorenzon, não estaria cumprindo expediente no órgão. Segundo o parlamentar, a gestora estaria cursando Medicina em uma faculdade particular em Manaus (AM) — cidade localizada a mais de 800 quilômetros de Boa Vista — o que, segundo ele, inviabilizaria o exercício regular de suas funções públicas.

Dr. Cláudio frisou que o cargo de Cecília é de alto escalão, com salário estimado em R$ 23 mil mensais, e questionou como ela poderia administrar a pasta à distância. O deputado informou ainda que irá encaminhar representações ao Ministério Público de Roraima (MPRR) e ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR) pedindo investigação sobre o caso.

“É inaceitável que uma secretária de Estado receba sem trabalhar. Queremos transparência e responsabilidade com o dinheiro público”, declarou o parlamentar.

A denúncia reacende debates sobre o acúmulo de funções e o cumprimento efetivo do expediente por parte de gestores do governo estadual.

Histórico de polêmicas

Essa não é a primeira vez que o nome de Cecília Lorenzon aparece envolvido em controvérsias dentro da administração pública de Roraima. Antes de assumir a SEGOD, ela foi secretária estadual de Saúde e também responsável pela liquidação da Companhia Energética de Roraima (CERR) — duas funções marcadas por denúncias e críticas.

Na Secretaria de Saúde, Lorenzon foi convocada diversas vezes pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (ALE-RR) para explicar mortes maternas e infantis, além de falhas no atendimento público. Deputados também apontaram atrasos salariais, falta de insumos e contratações irregulares.

Durante a crise na pasta, Cirurgião chegou a chamá-la de “caloteira e irresponsável”, acusando-a de colocar em risco a vida de pacientes por má gestão. A pressão política levou à sua exoneração em fevereiro de 2025 — no mesmo dia em que foi nomeada secretária de Governo Digital.

Paralelamente, Cecília também atuou na liquidação da CERR, processo que gerou grande desgaste político. Ela foi acusada por sindicatos e parlamentares de demitir dezenas de servidores comissionados e não garantir o reenquadramento dos concursados, como previa a legislação estadual. Em meio à pressão, renunciou ao cargo de liquidante em fevereiro de 2025.

Para assistir ao vídeo com a denúncia do deputado, clique aqui. 

Questionamentos e repercussões

A nova denúncia levanta dúvidas sobre a compatibilidade entre o exercício do cargo público e os estudos em outro estado. Caso se confirme que a secretária reside ou frequenta regularmente aulas em Manaus, o governo poderá ser cobrado a explicar como ela desempenha suas funções em Roraima.

Além disso, o caso reacende discussões sobre acúmulo de cargos, transparência administrativa e controle da atuação de secretários estaduais.

Se comprovadas irregularidades, Lorenzon poderá responder por infração administrativa e até improbidade, enquanto o governo de Roraima enfrentará desgaste político pela manutenção de uma gestora já envolvida em outros episódios polêmicos.

O deputado Cláudio Cirurgião afirmou que vai oficializar as denúncias junto aos órgãos de controle, pedindo apuração sobre a frequência e o cumprimento de expediente por parte da secretária.

Enquanto isso, cresce a cobrança da oposição por transparência e prestação de contas do governo estadual.

O caso adiciona mais um capítulo ao histórico de controvérsias envolvendo Cecília Lorenzon, que agora volta ao centro das atenções públicas — desta vez, por suspeita de exercer um cargo de confiança sem presença efetiva no estado.

O outro lado 

A reportagem buscou o governo de Roraima e questionou acerca das denúncias do deputado Cláudio Cirurgião. Questionamos como é controlada a frequência de trabalho do primeiro escalão e em caso de confirmação da ausência de Cecília na pasta, quem tem respondido pela SGOV na ausência da suposta estudante universitária. Perguntamos ainda se o governador Antonio Denarium tem conhecimento do módulo de trabalho à distância da secretária, e se concorda. O espaço segue aberto para manifestações.

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