A deputada estadual Joilma Teodora (Podemos), secretária especial da Mulher da Assembleia Legislativa de Roraima, recebeu um comentário com teor considerado ameaçador em seu perfil no Instagram após cobrar celeridade na tramitação de um processo por homicídio envolvendo um policial militar.
Na noite de 8 de dezembro, a parlamentar publicou uma nota de repúdio pedindo agilidade no julgamento do caso da adolescente Débora dos Santos Bezerra, de 17 anos, morta em maio de 2023, no município de Rorainópolis. No texto, Joilma criticou a demora do Judiciário e cobrou a ida do réu ao Tribunal do Júri.
Na publicação, a deputada afirmou:
“Venho a público manifestar meu profundo repúdio diante da excessiva morosidade no processo que apura o homicídio da jovem Débora dos Santos Bezerra, de apenas 17 anos, ocorrido há dois anos em Rorainópolis, supostamente cometido por um policial militar. É inaceitável que, após tanto tempo, a Justiça ainda não tenha avançado de forma efetiva. A permanência do réu em pleno exercício das funções, mesmo diante da gravidade do caso, configura uma afronta à família da vítima e à sociedade. Transparência e celeridade são exigências inegociáveis, sobretudo quando se trata de crimes envolvendo agentes públicos. Exigimos, em nome da justiça e da verdade, que o júri popular seja realizado imediatamente. É urgente que o policial suspeito pelo assassinato dessa jovem inocente seja submetido ao Tribunal do Júri”.
Menos de uma hora após a publicação, o perfil identificado como @patricia_asanntos comentou na postagem:
“Acho melhor da uma seguradinha e conservar os dentes que tem na boca. Falar pouco é bom e conserva os dentes”.

Outro usuário questionou se a mensagem se tratava de uma ameaça.
De acordo com informações repassadas à reportagem, a autora do comentário manteria relação profissional com pessoas ligadas à defesa do policial acusado, embora o grau exato do vínculo ainda não tenha sido oficialmente confirmado.
A equipe da parlamentar informou que pretende formalizar o registro de ocorrência. A reportagem fez contato com o perfil para ouvir o outro lado e aguarda retorno. O espaço segue aberto para manifestações por meio do jornalismo@roraima1.com.br ou (95) 98120-2121.
O caso
A adolescente Débora dos Santos Bezerra, de 17 anos, foi encontrada morta a tiros em 4 de maio de 2024 numa vicinal em Rorainópolis, interior do estado. O principal suspeito é um policial militar, Acrízio Silva Leite, com quem — segundo investigações — Débora mantinha relacionamento. Há registros de mensagens de WhatsApp e vídeo de segurança que o colocam com a vítima pouco antes do crime.
Embora tenha sido preso dias após o crime, a prisão preventiva de Acrízio foi revogada em agosto de 2025; ele responde ao processo em liberdade, com tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares. A mãe da vítima critica a decisão e denuncia que não há previsão para o júri popular — o que, para a família, alimenta a sensação de impunidade e agrava a dor da perda
O policial militar, principal suspeito do crime, responde ao processo em liberdade desde novembro de 2025, recebe salário integral, utiliza tornozeleira eletrônica e aguarda a definição da data do júri popular.








