A colheita de milho nas comunidades indígenas de Boa Vista se transformou em um motor de fortalecimento econômico e social para famílias agricultoras. Com apoio da Prefeitura em todas as etapas, desde o preparo do solo até a distribuição de insumos e colheitadeiras, a safra deste ano superou as expectativas e deve ultrapassar 600 toneladas de grãos apenas nas áreas indígenas.
Na comunidade Lago Grande, no Baixo São Marcos, foram colhidas cerca de 160 sacas de milho. O prefeito Arthur Henrique destacou que os investimentos na agricultura familiar têm impacto direto na economia e no bem-estar da população.
“Esse trabalho reforça o compromisso da nossa gestão em apoiar a agricultura familiar e valorizar as comunidades indígenas, que têm papel fundamental no desenvolvimento sustentável do município”, disse.
Produção recorde
Foram plantados 865 hectares de milho em Boa Vista, dos quais 105 hectares estão em áreas indígenas. A produtividade média já registrada chega a 6 toneladas por hectare, o equivalente a 120 sacas de 50 kg cada. Segundo o tuxaua Sidney Tavares, os avanços tecnológicos e o apoio técnico têm ampliado a produção.
“Há 30 anos nosso povo produzia de forma manual. Hoje temos apoio técnico e de alta tecnologia, o que nos permite ampliar a lavoura e pensar em aumentar cada vez mais”, afirmou.
Papel das mulheres
As mulheres também desempenham papel decisivo na agricultura indígena. Para Meirejane Lima, coordenadora das Mulheres Agricultoras da Lago Grande, o apoio da prefeitura impulsionou a independência financeira das famílias e fortaleceu o protagonismo feminino.
“Antes, não sabíamos como trabalhar em grande proporção. Hoje, conseguimos plantar hectares inteiros, sempre com acompanhamento técnico. Isso mudou a nossa realidade”, destacou.
Sustentabilidade e tradição
Além do impacto econômico, a colheita fortalece a cultura indígena e a sucessão familiar. Crianças, jovens, adultos e idosos participam da lavoura, garantindo a transmissão do conhecimento agrícola. Aos 73 anos, Nelcia Paixão relembra décadas de trabalho no campo enquanto segue contribuindo para o aproveitamento total da produção.
“Estou catando o milho para dar às galinhas e porcos. Assim, nada se perde. Trabalhei a vida toda na roça e hoje continuo ajudando, mesmo com menos força”, contou.
A experiência demonstra como a agricultura familiar, quando apoiada por políticas públicas, é capaz de unir tradição e inovação, reforçando a segurança alimentar, gerando renda e movimentando a economia local.