A colheita da soja em Roraima já alcança 75% da área plantada nesta safra. De acordo com o engenheiro agrônomo e produtor rural Alcione Nicoletti, a produtividade está próxima a 60 sacas por hectare, reflexo direto do maior uso de tecnologia no campo. Em entrevista ao podcast do Notícias Agrícolas, Nicoletti explicou que, embora o ritmo esteja mais lento nesta reta final, a performance das lavouras é positiva.
“Avança um pouco lento nessa fase final, pela dificuldade de logística interna. Graças a Deus as lavouras estão produzindo bem e isso fez com que os armazéns estão literalmente abarrotados de soja”, afirmou.
O produtor destacou que, ao contrário de anos anteriores, o crescimento da área cultivada foi menor, cerca de 9% a 10%. Essa redução no ritmo de expansão possibilitou mais atenção à gestão técnica das propriedades.
“Não aumentou tanto as áreas, mas aumentou a tecnologia empregada, e isso está trazendo resultados bastante significativos para o aumento de produtividade”, pontuou.
Entre as melhorias aplicadas, Nicoletti citou práticas de descompactação de solo, escolha de cultivares mais adequadas à região e maior conhecimento das particularidades de cada talhão. “Os produtores estão entendendo melhor o que é produzir no extremo norte do Brasil e estão conseguindo fazer isso com bastante sucesso”, disse.
Comercialização da safra
Na comercialização, o cenário é de cautela. Segundo Nicoletti, a primeira etapa de vendas foi direcionada para a quitação de dívidas por meio de operações de barter, modalidade em que o produtor troca parte da produção futura por insumos agrícolas, como sementes, fertilizantes e defensivos, geralmente para custear a própria lavoura sem pagamento imediato em dinheiro. Agora, os produtores negociam apenas o volume necessário.
“Existe uma expectativa, mesmo que pequena, que a taxa de câmbio aumente um pouquinho e isso traga melhores resultados para a comercialização. Mas a comercialização é lenta, o produtor vende somente o que precisa nesse momento”, afirmou.
Preço da saca
Os preços atuais, entre R$ 110 e R$ 115 por saca, estão abaixo dos R$ 130 praticados no ano passado. Nicoletti ressaltou que a boa produtividade tem ajudado a compensar a queda.
“A rentabilidade, nesse caso, só aumentou porque a produção está boa, muito boa, aliás. Mais dez dias, eu acredito que a gente vai ter resultados para informar, e vão ser muito positivos”, afirmou Nicoletti.