Foto: Ascom/Ibama-RR

Brigadistas indígenas de Roraima participaram, em fevereiro, da 1ª Oficina de Educação Ambiental em Manejo Integrado do Fogo (OEAMIF), promovida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), para aprimorar a conscientização ambiental e a capacitação no uso do fogo de forma controlada e segura.

A qualificação reuniu 85 brigadistas das etnias Xirixana/Yanomami, Macuxi, Wapichana e Yekuana, fortalecendo a prevenção e o combate aos incêndios florestais na região.

Os treinamentos ocorreram em quatro bases: Brigada Raposa (Normandia), Brigada Malacacheta (Cantá), Brigada Apoio Yanomami (Floresta Nacional de Roraima, Mucajaí) e Brigada Yanomami (Caracaraí). Com atividades que incluíram visitas de campo, aulas teóricas e trocas de saberes tradicionais; os participantes aprenderam sobre a queima prescrita, utilizada para estimular a flora em ecossistemas adaptados ao fogo, e a queima controlada, empregada de forma planejada na agricultura e na prevenção de incêndios.

Segundo Ricardo Ayres, coordenador da oficina, a iniciativa reforça a integração entre brigadistas e comunidades. “Criamos um espaço pedagógico coletivo, onde o aprendizado ocorre de maneira colaborativa e empática.” Para ele, a Educação Ambiental poder ser uma das principais ferramentas para sensibilizar e capacitar os indígenas com a finalidade de monitorar, prevenir e combater incêndios florestais e queimadas não autorizadas.

Aprendizagem no Manejo do Fogo

Em 2024, após testemunharem tragédias, 16 indígenas da etnia Xirixana se uniram para formar a Brigada Yanomami. Todos passaram pelo curso de formação oferecido pelo Prevfogo para não permitir que as chamas destruíssem novamente a natureza. É o caso de Denilson Xirixana, de 48 anos. O brigadista ingressou no Prevfogo após perder sua casa em um incêndio que destruiu a floresta ao redor e afetou a fauna local. O mesmo ocorreu com Marcel Xirixana, que testemunhou a agonia de mutuns, veados e uma onça-pintada.

A OEAMIF do Ibama tem o intuito de formar brigadistas para atuarem como multiplicadores das boas práticas do Manejo Integrado do Fogo, sensibilizando suas comunidades sobre o uso adequado do fogo e seus impactos. “Os indígenas achavam que era só para combater incêndios e, agora, aprenderam que é preciso trabalhar com prevenção por meio de ações educativas”, destacou o chefe da Brigada Yanomami, Zaqueu Ângelo. Ele ainda conta que o conteúdo da oficina é traduzido para a língua nativa, com o objetivo de facilitar a compreensão dos povos indígenas.

Para Bruno Eduardo Wapichana, supervisor estadual das Brigadas do Prevfogo (RR), o conhecimento adquirido na oficina pode transformar a relação da sociedade com o uso do fogo, especialmente entre trabalhadores rurais. “Os indígenas já têm práticas tradicionais, e esse saber pode contribuir para mitigar as consequências das mudanças climáticas.”

Ao final do treinamento, os brigadistas elaboraram um Plano de Ações Educativas, que será implementado em suas comunidades, respeitando os calendários de queima prescrita e controlada. Essa abordagem garante que o Manejo Integrado do Fogo seja um aliado na conservação ambiental e na segurança das populações indígenas em Roraima.

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