A Justiça Eleitoral de Roraima concluiu que a campanha de 2024 em São Luiz do Anauá adotou um esquema de cooptação de votos que envolvia o pagamento de valores em dinheiro e a distribuição de passagens de ônibus. A prática teria beneficiado o então candidato Adriano Costa, segundo a decisão assinada pela juíza Rafaella Holanda Silveira, da 4ª Zona Eleitoral.
De acordo com a magistrada, os candidatos do partido mobilizavam eleitores por meio de listas organizadas previamente. Em um momento avançado da campanha, essas listas teriam sido usadas pela coordenação para assegurar votos por meio de repasses financeiros e entrega de bilhetes de viagem.
“Os eleitores eram arregimentados pelos candidatos do partido, organizados em listas, e […] a coordenação passou a se apropriar dessas listas para cooptar os votos mediante entrega de dinheiro e passagens”, relata a juíza na decisão.
O documento aponta que ficou comprovado o fornecimento de passagens de ônibus pela Asatur, empresa pertencente à família da deputada federal Helena Lima, além de pagamentos a eleitores para que viajassem de Manaus até São João da Baliza com o objetivo de votar no candidato apoiado pelo grupo político.
Helena Lima foi condenada esta semana por compra de votos e caixa dois. A decisão destaca que o aliciamento envolvia quantias que variavam entre R$ 400 e R$ 700, além de uma lista de aproximadamente 130 pessoas supostamente beneficiadas. Para a magistrada, esses elementos demonstram a existência de um “verdadeiro derrame de dinheiro” no município durante o período eleitoral.
O processo também identificou indícios de caixa dois, apontando para o uso de recursos não declarados oficialmente. Pagamentos em espécie e transferências via Pix reforçariam, segundo a decisão, a movimentação de valores de origem não contabilizada.
“O abuso de poder econômico decorreu do uso de recursos não declarados na prestação de contas”, afirma Rafaella Holanda Silveira.
As partes ainda podem recorrer. Pelas redes sociais a deputada Helena Lima informou que segue no cargo e vai recorrer da decisão que a tornou inelegível por oito anos.








