O cenário político brasileiro está cheio de figuras controversas, mas poucas conseguem sintetizar tão bem as contradições e os riscos de um sistema político capturado por interesses particulares como a deputada federal Helena Lima, mais conhecida como Helena da Asatur: nome que pretende levar ao Senado em 2026, apesar de colecionar eventos que levantam sérias dúvidas sobre sua conduta pública.
Helena Lima é uma parlamentar eleita pelo MDB em Roraima e figura de grande destaque no tabuleiro político local. Desgastes com as lideranças devem culminar em sua saída do partido, algo já esperado, e as articulações indicam que a empresária comandará o PDT em Roraima. Helena tenta reconfigurar um novo partido, e fontes deste colunista asseguram que a presidente da Funai, Joenia Wapichana e o ex-vereador Linoberg Almeida, foram convidados por Helena para compor a nova sigla. Os dois pretendem se lançar candidatos a deputada federal e deputado estadual, no ano que vem.
Porém, maior que o interesse de Helena em oxigenar o nomes de seus aliados políticos são as polêmicas ao seu redor que têm marcado sua trajetória recente: a ponto de alguns já a apelidarem de “rainha dos interesses escusos” no cenário político roraimense. Sobretudo com alianças tão à esquerda, sendo ela declaradamente eleita como defensora de pautas da direita.
Operação da Polícia Federal e suspeita de compra de votos
A principal controvérsia que ronda Helena Lima remonta à chamada Operação Caixa Preta, deflagrada pela Polícia Federal em julho de 2025. A investigação apura um esquema de compra de votos nas eleições municipais de 2024, com mandados de busca e apreensão cumpridos em endereços ligados à deputada e a bloqueio judicial de mais de R$ 10 milhões nas contas dos investigados.
O cerne das apurações começou em 2024 com a prisão em flagrante de seu marido, o empresário Renildo Lima, pego pela PF com R$ 500 mil em espécie, parte deles escondidos na cueca, em um episódio que se tornou símbolo das denúncias de práticas eleitorais suspeitas.
Embora a deputada negue qualquer participação nos fatos, alegando ser alvo de “abuso” e “conjecturas”, essas não são acusações isoladas, e seu nome segue no centro da investigação judicial eleitoral.
Inelegibilidade decretada pela Justiça Eleitoral
Em novembro de 2025, a Justiça Eleitoral tornou Helena Lima inelegível por oito anos, além de cassar o mandato do vereador ligado à suposta organização do esquema de compra de votos, numa decisão que aponta a existência de um “verdadeiro derrame de dinheiro” para influenciar o pleito.
Essa decisão modifica definitivamente o cenário político da parlamentar e coloca um grande ponto de interrogação sobre sua pretensão de disputar cadeira no Senado Federal em 2026.
Críticas sobre uso de recursos públicos e imagem política
Além das acusações judiciais, há também questionamentos de ordem ética no uso de plataformas esportivas para projeção política. Helena deu visibilidade ao seu nome através do patrocínio de clubes de futebol em Roraima, sendo seu nome estampado em uniformes e eventos esportivos, estratégia que trouxe críticas sbre promoção pessoal disfarçada de apoio institucional.
Com isso, parte da população e de analistas de mídia aponta que recursos que deveriam servir para o desenvolvimento do esporte local acabaram sendo usados como veículo de autopromoção política, favorecendo sua imagem pública em detrimento de debates mais profundos sobre políticas públicas efetivas.
Denúncias de monopólio e práticas abusivas em contratos com comunidades indígenas
Outra frente de polêmica envolve contratos da empresa associada à deputada e ao marido, a Voare Táxi Aéreo, que opera em áreas sensíveis como a saúde Yanomami. Líderanças indígenas acusaram a empresa de monopólio e práticas abusivas, insistindo que decisões e contratos foram feitos sem ampla participação comunitária.
Esse conjunto de acusações, envolvendo desde denúncias judiciais até críticas de liderança comunitária, não é trivial. Ele revela ao público uma narrativa que, para muitos, não combina com o perfil que se espera de uma representante pública que afirma lutar pelo bem comum.
O apelido de “rainha dos interesses escusos”, por mais provocativo que pareça, não é fruto de mera retórica partidária: ele emerge de um conjunto de fatos documentados por órgãos de imprensa e órgãos de controle. As suspeitas em torno da deputada Helena Lima, envolvendo desde operações policiais a decisões de inelegibilidade, ilustram não apenas um indivíduo, mas um padrão de práticas que corroem a confiança da sociedade nas instituições públicas.
Se há algo que deveria conduzir a avaliação dos eleitores em 2026, é justamente essa severa interrogação: como confiar o cargo de senadora da República a alguém cuja trajetória recente está marcada por acusações de interesses pessoais acima do bem público?








