Neste sábado (21), o presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, deputado Soldado Sampaio (Republicanos), liderou uma comitiva formada por Inácio Cavalcante Melo Neto, presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), e Rubens Pereira da Silva, secretário de Estado de Articulação Política do Maranhão, em uma visita ao município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.
O grupo acompanhou de perto as ações da Operação Acolhida e de outras instituições que prestam assistência aos imigrantes venezuelanos que fogem da grave crise humanitária no país vizinho.
O objetivo central da visita foi observar in loco os desafios enfrentados por Roraima devido ao fluxo migratório que, entre 2017 e 2024, já ultrapassou 1,1 milhão de venezuelanos. Esse cenário tem sobrecarregado os serviços públicos, aumentado a violência urbana e favorecido a atuação de facções criminosas no estado.
Para Sampaio, a situação em Roraima é insustentável sem um apoio mais efetivo do governo federal. “Estamos falando de pessoas que precisam de apoio, mas Roraima, com pouco mais de 500 mil habitantes, não consegue suportar esse fluxo sem um suporte maior. A Operação Acolhida é fundamental, mas insuficiente. Temos serviços públicos sobrecarregados e uma infraestrutura sucateada em cidades como Pacaraima e Boa Vista”, afirmou.
Lideranças pedem ação conjunta do governo federal
Durante a visita, o deputado enfatizou a importância da participação de lideranças de outros estados para ampliar a pressão sobre o governo federal. “Receber autoridades aqui é essencial para que vejam de perto a realidade e possam falar com propriedade sobre a situação de Roraima em âmbito nacional”, destacou Sampaio.
Já o secretário Rubens Pereira da Silva chamou a atenção para a discrepância entre os serviços oferecidos aos imigrantes e à população local. “O que vi em Pacaraima mostra que a infraestrutura para atender os venezuelanos é melhor do que a destinada aos brasileiros. Isso precisa mudar. É urgente que o governo federal trate a questão com mais atenção”, pontuou.
Além disso, Rubens Pereira fez uma comparação preocupante entre as estruturas físicas nos dois lados da fronteira. “Chegando à Venezuela, vemos uma estrutura que parece melhor que a de Pacaraima. Isso nos leva a questionar: quem realmente está em crise? Essa situação precisa de soluções conjuntas entre os países, mas também de um olhar mais cuidadoso para o nosso povo”, disse.
Controle migratório e segurança pública
Inácio Cavalcante Melo Neto, presidente do CPRM, destacou a necessidade de maior controle sobre a entrada de imigrantes no Brasil. Ele alertou sobre falhas na triagem de refugiados que têm facilitado a entrada de criminosos. “Há relatos de crimes cometidos por venezuelanos que chegam aqui como refugiados, obtêm novos documentos e começam uma vida limpa no Brasil, sem que haja um rigor na triagem. Precisamos acolher quem realmente necessita, mas não podemos permitir que criminosos se aproveitem da situação”, afirmou.
Além da questão da segurança, Melo Neto também chamou a atenção para o uso indevido de benefícios sociais por parte de alguns imigrantes. “É necessário que o governo federal adote medidas mais rigorosas para evitar que essa porta aberta indiscriminadamente traga ainda mais problemas ao Brasil”, pontuou.
Realidade de Pacaraima
Durante a visita, a comitiva pôde observar de perto os impactos da crise migratória na população local. Creches superlotadas, postos de saúde incapazes de atender à demanda e o aumento significativo da violência urbana foram algumas das situações relatadas pelas autoridades.
O deputado Soldado Sampaio ressaltou que a solução passa por políticas públicas robustas e eficazes, que atendam tanto os imigrantes quanto os brasileiros. “O Brasil é um país acolhedor, mas precisa de uma política migratória mais robusta e de apoio efetivo às cidades de fronteira, como Pacaraima, que vive um verdadeiro caos. Não podemos ser deixados sozinhos nessa situação”, finalizou.