A professora Sonali Almeida. Foto: acervo pessoal.

A importância é manter a identidade desses povos originários”. A frase é da professora da educação básica e de origem indígena, Sonali Almeida, de 42 anos. O educadora é autora do livro “As Aventuras dos Pequenos Cientistas”, que já está concluído e aguarda a publicação para o início de 2025.

A intenção da escritora é fazer uma coleção da obra, com o objetivo de promover a popularização das ciências nas comunidades, respeitando as crenças e os costumes dos povos originários. O livro aborda temas sobre física e ciências de uma forma didática para crianças e adolescentes nas aulas.

Apesar de não ter sido criada na Comunidade Macuxi, Sonali destaca que possui uma forte ligação com a etnia devido aos seus pais e avós. Para ela, escrever o livro em duas línguas, Macuxi e Português, é importante para manter a identidade dos povos originários, porque os jovens e as crianças “não falam mais a língua materna“.

“Não é uma questão de trabalhar o bilinguismo, mas sim a importância de manter a identidade desses povos originários vivo dentro da comunidade. Tendo em vista que a maioria dos adolescentes e crianças não falam mais a língua materna, porque até pouco tempo elas eram agrafas”, afirmou.

Ela afirmou, ainda, que o novo material deve auxiliar na educação dentro das comunidades, porque os docentes dos locais “não têm material para trabalhar a alfabetização”. “Os professores dessa comunidade não têm material para trabalhar essa alfabetização, eles usam os poucos materiais e recursos que têm. Eles ainda enfrentam dificuldades maiores com os adolescentes, pois é mais difícil de ensinar”, destacou.

Processo de escrita
O professora explicou também como se deu o processo de criação da obra. Para ela, as dificuldades com escrita não foram tão desafiadoras quanto a criação das imagens “que fossem semelhantes à realidade” das comunidades indígenas. Além disso, Sonali Almeida também destacou que já está tratando de outras parcerias para transcrever para a Línguas Waiwai, Patamona e Taurepang.

“O processo de escrita não foi o mais difícil, para mim foi o processo de imagem, porque criar imagens que fossem semelhantes à realidade deles foi muito desafiador, pois não dominava a tecnologia e o Canva. Então, a ideia é proporcionar para eles a possibilidade de se valorizarem, de se verem em algum material. Eu já tenho também outras possíveis parcerias, para transcrever para a Língua Waiwai, para o Patamona e para os Taurepang”, disse.

Dessa forma, a intenção da escritora é não parar o projeto, e sim continuar produzindo e transcrevendo para o máximo de etnias, fazendo com que o material cheguem à unidades de ensino. Ela já trabalha a possibilidade de escrever material para as disciplinas de química, matemática e geografia, dentre outras.

Sobre o livro
O livro “As Aventuras dos Pequenos Cientistas” é uma ferramenta de recurso pedagógico, que visa tornar o ensino da temática mais interessante e compreensível. O material já foi usado com o público infantil e auxiliou o ensino da língua materna e nas aulas de ciências. Por ter um resultado positivo com adolescentes matriculados no Ensino Fundamental da Escola Estadual Indígena Tuxaua Luiz Cadete, o material vai ser oficialmente publicado para outras pessoas.

O livro apresenta ilustrações voltadas para o contexto do dia a dia das comunidades indígenas e abordagens básicas dos conceitos da Física promovendo uma maior compreensão e explicação dos fenômenos físicos. “As Aventuras dos Pequenos Cientistas” aborda os conteúdos de eletricidade por meio da estória do peixe Poraquê.

Foram disponibilizados quatro exemplares nas versões em Língua Portuguesa e Língua Macuxi, e por conseguinte foi aplicado um questionário de satisfação obtendo resultados que fundamentam a necessidade da produção de materiais didáticos e pedagógicos para atender a Educação indígena.

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