Réu em cinco processos ligados ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, o empresário Rodrigo Martins de Mello, conhecido como Rodrigo Cataratas, mudou-se para a Guiana e abriu uma empresa de mineração de ouro no país vizinho. Alvo da Justiça Federal em Roraima, Cataratas cruzou a fronteira e se instalou na Guiana. Dono de uma frota de helicópteros e um patrimônio declarado de R$ 33,5 milhões, ele é coordenador do movimento Garimpo é Legal, que tenta expandir a atividade na Amazônia.
O empresário seria candidato a vereador pelo União Brasil em Boa Vista, mas acabou colocando a irmã na disputa, a veterinária Brunna Cataratas, de 31 anos. Ela obteve 815 votos no último dia 6 e ficou na suplência da Câmara Municipal de Boa Vista pelo PSD. Durante sua campanha, a candidata denunciou um ataque de pichadores ao seu helicóptero, carro e ao posto de gasolina da família.
Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Rodrigo Cataratas disputou uma vaga de deputado federal pelo PL em 2022, teve 9.095 votos e não foi eleito. Ele responde a cinco denúncias do MPF (Ministério Público Federal). Além de ser réu por mineração ilegal e crimes associados, como organização criminosa e lavagem de dinheiro, ele é suspeito de ataques às sedes do Ibama e da PF em setembro de 2021. O grupo investigado ateou fogo em uma viatura do Ibama e tentou incendiar outro carro do órgão que estava na PF, mas não conseguiu.
Os crimes apontados pelo MPF teriam sido cometidos entre o final de 2018 e 2022. Esse período, que coincidiu com o governo Bolsonaro, foi marcado pelo aumento do garimpo na área yanomami: o desmatamento causado pela atividade na terra indígena quadruplicou entre outubro de 2018 e dezembro de 2022.