É fundamental que a superfície do olho esteja constantemente lubrificada. Foto: © iStock

O verão é marcado pelo sol e pelo calor, mas é importante não descuidar da saúde ocular nessa época do ano. Em 2019, a perspectiva é de um verão mais seco, devido a menor quantidade das chuvas que ocorrem nesta época do ano, e prováveis níveis reduzidos da umidade relativa medida no ar.

“Associando esse momento climático às condições rotineiras de trabalho, como uso do ar-condicionado e exposição às telas do computador, é possível perceber uma evolução para o quadro de olho seco do tipo evaporativo, condição reconhecida como doença da modernidade. No entanto, existem outras causas responsáveis por desencadear o olho seco que precisam de atenção especial”, explica o Dr. Pedro Antonio Nogueira Filho, médico oftalmologista e especialista em córnea e superfície ocular do H.Olhos – Hospital de Olhos.

A primeira estrutura anatômica reconhecida a partir da superfície do olho é a lágrima e a situação de olho seco acontece em razão da mudança da qualidade ou da quantidade em uma de suas três camadas: oleosa (externa), aquosa (intermediária) e de mucina (interna).

Por esta razão, é fundamental que a superfície do olho esteja constantemente lubrificada, permitindo não só que a sua integridade seja preservada, mas também que a córnea tenha a transparência adequada e, consequentemente, que a pessoa consiga enxergar por meio dessa estrutura com nitidez.

Condição associada à modernidade, o olho seco evaporativo está associado também ao uso excessivo de computadores, tablets e smartphones. O uso desses aparelhos ativa no sistema nervoso central um tipo de atenção chamada de “atenção ativa“, que por sua vez consegue inibir mecanismos autônomos, tais como, o pestanejar/piscar, principal mecanismo palpebral responsável pela lubrificação da superfície ocular através da distribuição da lágrima. As pessoas necessitam de, pelo menos, cerca de quatro piscadas por minuto. No entanto, fisiologicamente, uma pessoa pisca, mais ou menos, 20 vezes por minuto.

“Estes aparelhos reduzem a frequência da piscadela, o que faz com que a lágrima não seja espalhada corretamente sobre a superfície do olho, que acaba ficando seco. Além das telas eletrônicas, temos uma condição ambiental denominada ambiente hostil, que é caracterizado pelo excesso de iluminação e pela exposição constante a luz, o que é possível encontrar nos locais em que passamos a maior parte do tempo. Estes cenários são capazes de estimular o olho seco, pois quando há umidade relativa baixa, nossa lágrima é evaporada ainda mais rapidamente”, argumenta o especialista.

Sintomas

Segundo o especialista em olho seco, Dr. Pedro Antonio, os sintomas são:

• Sensação de peso nas pálpebras;

• Olhos vermelhos;

• Ardor;

• Irritação;

• Sensação de areia;

• Desconforto e cansaço visual;

• Visão turva, que melhora após fechar os olhos.

A recomendação é consultar um oftalmologista caso algum dos sintomas acima seja percebido na rotina do dia a dia.

Dicas do especialista

Para evitar a condição de olho seco, o Dr. Pedro Nogueira destacou algumas dicas:

• Beba pelo menos 2 litros de água diariamente;

• Retire sempre toda a maquiagem e oleosidade da região dos olhos, pois os resíduos de sujeira podem entrar em contato com a lágrima, causando alteração na sua composição;

• Uso de colírios lubrificantes ou lágrimas artificiais podem ajudar no incômodo. No entanto, um médico deve ser consultado antes da automedicação;

• Para quem trabalha com computadores, o recomendado é posicionar a tela com a margem superior sempre na linha dos olhos;

• Nas telas em geral, é necessário fazer pausas de 5-10 minutos a cada hora;

• Lembre-se de piscar para que o olho não fique sem lubrificação.

Outras causas

A síndrome ainda pode ter outra origem e ser ocasionada por outros fatores. Chamado olho seco hipossecretor, a condição é associada a uma doença inflamatória crônica sistêmica que gera o comprometimento da produção da lágrima por meio da glândula lacrimal. Doenças inflamatórias sistêmicas como artrite reumatoide, síndrome de Sjogren e lupus eritematoso sistêmico são alguns dos responsáveis pela situação de olho seco.

Existe ainda o olho seco medicamentoso, causado pelo efeito de medicamentes como antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, medicações para doença de Parkinson, antialérgicos, anti-hipertensivos e para fins diuréticos (insuficiência renal e hepática). Em mulheres, o uso de remédios de controle ou manutenção de quadros hormonais também pode desencadear o olho seco.

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