Sede da Suframa em Roraima. Foto: divulgação/ Suframa.

O faturamento da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) no primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) superou em 65,8% o mesmo período do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em 2019, primeiro ano de Bolsonaro no governo, foram faturados R$ 104,62 bilhões. Já em 2023, quando Lula assumiu a Presidência, o faturamento foi de R$ 173,47 bilhões.

Segundo o órgão, o resultado do ano passado foi o segundo melhor resultado nominal em moeda nacional, “perdendo” apenas para 2022, quando o faturamento foi de R$ 177,92 bilhões. Os números mostram uma resiliência do PIM, que mesmo sob ataques de Bolsonaro como a redução do IPI e a redução do imposto de importação, manteve crescimento no governo passado. (Veja os números abaixo)

Com base no cálculo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — indicador que mede a variação dos preços de um conjunto de produtos e serviços vendidos no varejo e consumidos pelas famílias brasileiras —, o valor corrigido do faturamento de 2019 seria atualmente de R$ 109,1 bilhões, com índice de correção de 1,4.

Nova política industrial
Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o PIM sofreu duas frentes de ataque. O então ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu por mais de uma vez o imposto de importação de produtos produzidos pela ZFM sob o pretexto de reindustrializar o País.

Em 2021, o governo federal emitiu decreto para reduzir ao patamar de 20% o imposto de importação para bicicletas produzidas em Manaus. Com isso, Paulo Guedes tornou mais vantajosa a importação de bicicletas do mercado externo em detrimento da produção local.

Em 2022, Bolsonaro praticamente anulou a vantagem comparativa da ZFM ao equiparar o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) da ZFM com o do restante do País. No mesmo período, o governo federal ainda zerou o IPI do polo de refrigerantes, prejudicando a manutenção do setor.

Ao contrário de Paulo Guedes e Bolsonaro, o Governo Lula anunciou um plano de reindustrialização do parque industrial do Brasil. Um dos objetivos da Nova Indústria Brasil (NIB), é encontrar um nicho da economia global ainda não explorada por potenciais econômicas.

Por meio da iniciativa, o governo anunciou investimentos e incentivos públicos da ordem de R$ 300 bilhões que serão aplicados em segmentos industriais até 2033.

Na última viagem a Manaus, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin (PSB) explicou como a Zona Franca de Manaus se encaixará na NIB.

“Ela [a ZFM] se encaixa totalmente [na NIB] porque são quatro pilares: inovação, nós precisamos pesquisar. Aqui há um centro de pesquisa, desenvolvimento e inovação, tem até um recurso para isso, uma indústria inovadora verde. Descarbonização, você tem várias rotas tecnológicas, elétrico, biocombustível, hidrogênio verde, você tem várias opções“, disse, acrescentando outros eixos.

“Uma indústria exportadora, nós precisamos a ganhar mercado. Sempre digo, é importante produzir bem, mas é importante também vender bem, nós precisamos conquistar mercado, o comércio exterior é fundamental. E competitiva, nós estamos lançando a depreciação acelerada. Uma indústria tem máquinas que têm mais de dez anos de existência, um parque industrial que precisa ser substituído, você vai depreciar não em 12 ou 15 anos, você vai depreciar em dois ano“.

Ausência de política industrial
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-AM), Inaldo Seixas, lembrou que no governo anterior não existia política industrial. “O governo ultraliberal, ele abdica de ter uma política industrial. Quem tem política industrial são governos de centro-esquerda, governos keynesianos“, cita.

Sobre a diferença entre o faturamento de 2022 e 2023, período da transição entre Bolsonaro e Lula, Seixas citou a seca severa na Amazônia no ano passado, que impactou diretamente no abastecimento de matérias-primas nas empresas do PIM e no escoamento da produção industrial do polo.

“As questões fiscais não afetaram negativamente. Eu acredito que o grande elemento que impactou no menor faturamento do Polo Industrial de Manaus foi, sem dúvida, a questão da estiagem. Porque tanto para que nós recebamos insumos da Ásia, principalmente, ou de outros países do mundo, para a fabricação de nossos produtos aqui, também precisamos escoar para o resto do País, e com a seca que tivemos, muitos pedidos de insumos não chegaram, o que impediu a produção de rodar mais“, analisou.

O economista cita ainda a inflação como fator que contribuiu para um menor faturamento. “É claro que nós poderíamos atribuir outras questões também, como um pouco a questão da inflação. Então, quando você tem menor inflação, os preços tendem a se arrefecer e não seguir uma escalada crescente“, concluiu.

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