Roraima deve aumentar suas economias de custo no consumo de energia nos próximos 10 meses, quando duas novas usinas térmicas começarem a operar. As centrais são as últimas de um grupo de nove projetos contratados em um leilão realizado pela Aneel em 2019 com o objetivo de substituir o parque térmico que abastece Boa Vista, capital de Roraima, e localidades conectadas por soluções de menor custo.
A usina BBF Baliza (9,8 MW), movida a biocombustível e biomassa, está programada para começar a gerar eletricidade em 30 de junho, enquanto o projeto híbrido Híbrido Forte de São Joaquim (8,14 MW), que combina energia solar fotovoltaica e biocombustível, deve entrar em operação em março de 2024.
As duas unidades se juntarão às termelétricas Monte Cristo Sucuba (42,3 MW, diesel), Pau Rainha (10 MW, biomassa), Palmaplan Energia 2 (11,5 MW, biocombustível), Bonfim (10 MW, biomassa), Cantá (10 MW, biomassa), Santa Luz (10 MW, biomassa) e Jaguatirica II (126 MW, gás), também contratadas no leilão de 2019 e já em operação.
Já entre julho e agosto, as usinas Floresta (40 MW) e Novo Paraíso (16 MW) serão desligadas da rede elétrica estadual.
A assessoria de imprensa do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) contou à BNamericas que a modernização do parque gerador de energia de Roraima resultará em uma economia esperada de 35%.
Como um sistema isolado, Roraima tem parte de seus custos de fornecimento de energia pagos pelas distribuidoras e transmissoras de eletricidade, por meio da chamada Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que é paga por todos os consumidores brasileiros.
No ano passado, o governo federal assinou um acordo para dirimir questões indígenas para cumprir as condições definidas no plano de construção do Linhão de Tucuruí, linha de transmissão que conectará o estado à rede elétrica nacional.
A construção da linha em terras indígenas está prevista para começar em julho e terminar em setembro de 2025.
Enquanto isso, a retomada das relações diplomáticas com a Venezuela pode abrir negociações para estabelecer o fornecimento de energia do país vizinho para Roraima, como aconteceu entre 2001 e 2019.
“Nós queremos recuperar a relação energética com a Venezuela. Aquele Linhão de Guri tem que ser colocado em funcionamento, porque não justifica Roraima ser o único estado fora da matriz energética brasileira funcionando na base da termelétrica”, disse o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva na última segunda-feira (29) durante reunião com o presidente venezuelano Nicolás Maduro.
O Linhão de Guri liga o complexo hidrelétrico Guri-Macágua, na Venezuela, a Boa Vista.
A linha de transmissão tem 676 km de extensão e capacidade para garantir 200 MW de potência para Roraima.
A crise energética na Venezuela, os problemas de manutenção na linha e o rompimento das relações com o Brasil durante o governo de Jair Bolsonaro acabaram travando as importações de energia da Venezuela em 2019.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, defendeu a integração energética na América Latina, citando Venezuela e Argentina.
“Por que não haver nas grandes potencialidades energéticas, seja de gás, petróleo ou de energia elétrica, [cooperação] com a Argentina, com a Venezuela e com outros países vizinhos?”, questionou ele em entrevista coletiva na segunda-feira.