Foto: divulgação

Palmirinha Onofre morreu hoje, aos 91 anos. Ela estava internada na Unidade Paulista do hospital Alemão Oswaldo Cruz desde o dia 11 de abril.

A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da apresentadora e pela família em uma publicação nas redes sociais.

“A família, consternada e inconsolável, comunica o falecimento de Palmira Nery da Silva Onofre, a Vovó Palmirinha, aos 91 anos, ocorrido hoje, 7 de maio, às 11h20 em decorrência de agravamento de problemas renais crônicos”, diz o comunicado.

O velório acontecerá na segunda-feira (8), no Cemitério do Morumbi, em São Paulo, das 9h às 17h. Parte da cerimônia será aberta ao público. Mais detalhes serão divulgados em breve.

Nascida em Bauru, no interior de São Paulo, Palmirinha deixa três filhas: Tânia, Sandra e Nancy, seis netos e três bisnetos.

“Me sinto jovem, acho que é por isso que não envelheço”, contou à Marília Gabriela, no “De Frente com Gabi” (SBT) em 2012.

Fofura na TV

Com jeito doce e receitas deliciosas, Palmirinha passava o ar de ser a avó que muitos queriam ter: carinhosa e que adora mimar seus netinhos com seus pratos simples e saborosos. Ela era muito amorosa com suas telespectadoras, a quem chamava carinhosamente de “amiguinhas”.

A cozinheira apresentou na TV Gazeta o quadro de culinária dos programas “Note e Anote”, comandando por Ana Maria Braga, de 1993 a 1997, “Mulheres” e “Pra você”, de 1997 a 2000. Ela comandou ainda o TV Culinária de 2000 até 2010 e o “Programa da Palmirinha”, no canal Fox, de 2012 até 2015.

A saída da Gazeta surpreendeu muita gente e ela explicou no “De Frente Com Gabi”, em 2012, o motivo.

“Estava muito cansada porque eu que colocava o programa no ar, não tinha uma produção. Fazia meus pratos com a ajuda da minha filha, do meu boneco. Achei que estava na hora porque senão ia acabar ficando doente”.

Palmirinha se emocionou ao falar do fim do programa e relatou que ficou com mágoa da Gazeta, pois não se sentia valorizada.

“Era meu sonho, eu fazia não pelo dinheiro, eu sabia que estava ensinando as pessoas a ganhar dinheiro com os meus salgadinhos, minha comida. Fiquei magoada porque quando me despedi, no último programa estava me despedindo das minhas amiguinhas, fiz uma torta doce de maçã, quando estava chorando e me despedindo, cortaram o meu microfone. Isso me magoou muito”.

Guinho

Durante anos, Palmirinha teve como seu assistente o boneco Guinho, manipulado por Anderson Clayton, que era também assessor e empresário da apresentadora.

Os dois romperam a parceria em 2016, após 20 anos.

“Aquilo que é feito com amor e coração nunca termina. Me mantive em silêncio nestes quatro anos. Eu era agente artístico e empresário dela, cuidava de toda parte de marcas. A família quis assumir a operação, foi muito delicado para mim porque a gente não sabia como agir”, contou.

Anderson recorda que o fim da parceria acabou caindo por cima do personagem que a auxiliou muitas vezes nos preparos das receitas, mas garante que não guarda mágoas.

“Passamos a maior parte dessa vida na televisão e eu quero carregar isso com muito carinho e respeito. Não existe decepção. Existem as coisas que acontecem no mundo dos negócios, me mantive em silêncio para não respingar na nossa relação. Ela já é uma senhora de idade, as famílias têm os interesses, a gente não está tão perto, não se via como nas gravações, mas tenho a minha admiração e respeito.”

Sofrimento e superação

A cozinheira tem uma história de vida de sofrimento e superação. Filha de uma imigrante italiana com um baiano, Palmirinha tinha quatro irmãos.

Ela contou que era muito parecida com sua mãe fisicamente, mas foi muito maltratada por ela na infância.

“Meu pai tinha uma paixão por mim, como eu era muito parecida com a minha mãe. Ele tinha paixão comigo, mas não tinha isso pelos outros filhos. Minha mãe sempre foi muito severa, então aquele carinho que ele queria fazer na minha mãe e não conseguia, ele fazia em mim, então minha mãe ficou com raiva de mim e me maltratava muito”.

Palmirinha disse que apanhou muito da mãe com vara de marmelo. “O meu pai me levava aonde ia para a minha mãe não me bater”.

Aos seis anos de idade, ela deixou São Paulo com uma mulher francesa, que prometeu ao seu pai que a filha seria sua dama de companhia e depositaria um salário para ela.

“Eu fui uma dama de companhia, ela tinha um poder aquisitivo bom, ela depositava sempre um dinheirinho para mim”.

Vendida por cinco mil réis

Mais tarde, Palmirinha foi vendida pela mãe para um fazendeiro por cinco mil réis aos 16 anos. Mesmo com tanto sofrimento, ela tomou conta da mãe até o fim da vida.

Além de apanhar da mãe na infância, Palmirinha também teve um relacionamento abusivo e apanhou do marido até os 45 anos, quando decidiu se separar.

“Ele bebia muito, tinha várias amantes e me maltratava muito, mas não maltratava os filhos. Eu achava que se eu me separasse dele, ia prejudicar o casamento das minhas filhas. Aguentei até o fim. Meu sonho era que minhas filhas casassem muito bem e não tivesse o mesmo destino que eu”.

Ela disse que trabalhava com os olhos roxos, boca machucada e contava para as colegas que tinha caído e batido no canto da mesa: “Me sentia muito humilhada”.

Antes de virar cozinheira, ela já trabalhou em uma fábrica de automóveis e trabalhou como faxineira em escritórios.

Palmirinha narrou sua história no livro “A Receita da Minha Vida”.

 

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