A manutenção da atual política ambiental no país pode levar a resultados desastrosos. Estudo científico da iniciativa Clima e Desenvolvimento aponta que se os mesmos parâmetros aplicados nos últimos anos tiverem continuidade, o Brasil vai ultrapassar em 137% a meta de emissões de gases de efeito estufa (GEE) assumida pelo país no Acordo de Paris e na Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês), com prazo fixado em 2030.
O atual modelo também levaria o desmatamento da Amazônia ao índice de 25%, limite para o que os especialistas apontam como risco de “savanização” da maior floresta tropical do mundo. “Se a devastação da floresta não for interrompida, áreas verdes podem se perder sem a possibilidade de recuperação”, diz o estudo.
A agropecuária é a principal atividade relacionada ao desmatamento da região. Mapas e dados atualizados mostram que, em 2021, a atividade ocupava 15% do bioma.
As conclusões estão no estudo “Cenário Continuidade”, desenvolvido por pesquisadores do Centro de Estudos Integrados Sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (Centro Clima) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ, como parte da iniciativa Clima & Desenvolvimento. A iniciativa foi idealizada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Talanoa e Centro Clima.
Cenários
Os pesquisadores trabalharam duas hipóteses de cenários de continuidade. No primeiro, o crescimento do desmatamento segue o ritmo do período 2018-2021 nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica e se estabiliza em 2026. No segundo, o desmatamento nestes biomas continua crescendo no mesmo ritmo até 2030.