O deputado federal por Roraima, Hiran Gonçalves (Progressistas), tem se manifestado, publicamente, alegando ter repassado mais de R$ 80 milhões em recursos federais, em 2021, ao Estado. No entanto, consulta feita pela reportagem no Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), nesta segunda-feira, 8, mostrou que ele foi autor de emendas parlamentares que totalizaram R$ 16,2 milhões, no ano passado.
A reportagem teve acesso à imagem de pessoas exibindo material impresso com informações sobre o parlamentar, que também é médico. Três homens seguram um panfleto onde é possível ler que Hiran Gonçalves “fez, por Roraima, e fará muito mais” com “mais de R$ 80 milhões em recursos federais, somente em 2021”.
No Portal da Transparência consta que Gonçalves destinou 13 emendas parlamentares, no ano passado, sendo 12 para Roraima. O total empenhado para o Estado — valor reservado a ser pago — é de R$ 15,7 milhões. Foram pagos R$ 9,1 milhões. A décima terceira emenda foi empenhada e paga para “assistência hospitalar e ambulatorial”, no Estado de São Paulo, no valor de R$ 500 mil. (Veja a tabela abaixo):
Os valores foram encaminhados aos seguintes municípios: Alto Alegre, Cantá, Iracema, São João da Baliza, Bonfim, Normandia e Rorainópolis. Três emendas se destinam à unidade federativa como um todo, mas uma delas não tem nenhum valor empenhado. Destas, uma tem o maior valor, R$ 2,8 milhões, do qual já foi quitado em torno de R$ 43 mil.
Os dados da CGU mostram, ainda, que as emendas destinadas pelo parlamentar variam entre recursos para a atenção básica, saneamento básico urbano e rural, assistência comunitária, direitos individuais, coletivos e difusos (contribuições, diárias – civil, serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação, outros serviços de terceiros – pessoa jurídica, locação de mão de obra) e outras transferências de encargos especiais.
Gonçalves foi eleito com 13.299 votos e faz parte da aliança do atual governador de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), que sancionou, recentemente, a lei que proíbe a destruição de equipamentos de garimpeiros apreendidos durante operações e fiscalizações ambientais.
A reportagem questionou o deputado, via aplicativo de mensagens, no telefone particular e assessoria, qual a explicação para a divergência no material impresso e no Portal da Transparência, assim como o motivo da transferência de R$ 500 mil para o Estado de São Paulo, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.