O pensador e xamã Yanomami, Davi Kopenawa, vai ser a primeira pessoa a receber o título de doutor honoris causa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A instituição escolheu a liderança indígena em reunião do Conselho Universitário realizada nesta quarta-feira.
A titulação é concedida a personalidades com destaque nas ciências, nas artes, na cultura, na educação, e na defesa dos direitos humanos. De acordo com a Unifesp, a escolha de Kopenawa “coroa um processo de busca por diálogos e descolonização de saberes em andamento na Unifesp”.
Kopenawa autor da obra A Queda do Céu: palavras de um xamã yanomami, em coautoria com o antropólogo Bruce Albert. O livro questiona a noção de progresso e desenvolvimento dos homens brancos.
“Davi Kopenawa é uma das vozes mais lúcidas e importantes a respeito dos problemas contemporâneos, no nosso contexto brasileiro e no que tange aos desafios planetários, como a emergência climática. É de fundamental importância que as suas ideias sejam disseminadas e discutidas. Espero que o título ajude, ainda, na mobilização da sociedade contra os ataques brutais que o povo Yanomami tem sofrido em seu próprio território”, disse o professor Renzo Taddei, integrante do grupo que iniciou o processo da concessão do título, ao site da Unifesp.
O homenageado é reconhecido internacionalmente por sua luta pelos direitos do povo Ianomâmi. Para ele, os 30 anos da demarcação da maior terra indígena, neste mês, não é motivo para comemoração.
Para o indígena, este é o pior momento para os 30 mil ianomâmis que vivem nas comunidades invadidas em Roraima, onde há, segundo ele, muito mais garimpeiros.