Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz sugeriram em estudo divulgado na última semana que Roraima exija o passaporte vacinal nas fronteiras do estado com a Venezuela e a Guiana, em razão da baixa cobertura de vacinação registrada no Estado.
De acordo com o levantamento, a baixa imunização “expõe todos os residentes locais à transmissão do vírus, bem como representa uma ameaça de espalhamento de novas variantes para todo o país e seus vizinhos”, avalia a Fiocruz.
Conforme o último levantamento divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), 74,7% da população do estado está vacinada com a primeira dose e 52% está completamente imunizada. Nenhum dos municípios de Roraima alcançou 80% da população com pelo menos duas doses da vacina contra a covid-19. O número é estipulado pela própria Fiocruz para que o estado alcance uma imunidade de rebanho e consiga reduzir o número de casos.
Além de Roraima, nove em cada 10 dos municípios do Tocantins, Roraima, Pará, Amazonas, Maranhão, Acre e Amapá apresentam coberturas vacinais inferiores a 80%, sendo os estados com as piores situações de cobertura vacinal.
Outros municípios de fronteira internacional, como Bagé (fronteira entre o Rio Grande do Sul e Uruguai), Mamoré (fronteira entre Rondônia e Bolívia), Corumbá e Ladário (fronteira entre o Mato Grosso do Sul e Bolívia), toda a tríplice fronteira entre o estado do Amazonas, Peru e Colômbia também são considerados como pontos vulneráveis para a propagação de variantes do coronavírus.
Estudo
O levantamento apontou ainda que a campanha de vacinação contra o coronavírus vem sendo marcada no pais por desigualdades sociais. O estudo mostra que nos municípios com menor IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, as taxas de vacinação são mais baixas.
Os pesquisadores observaram uma queda de quase 20% na cobertura da primeira e segunda doses, de acordo com o nível de desenvolvimento dos municípios. Enquanto aqueles com IDH muito alto apresentavam percentual de imunização de cerca de 80% para a primeira dose e 70% para a segunda, no grupo de municípios que estão na lista de Índice de Desenvolvimento Humano baixo, esse percentual era de 60% e 50%.
Já em relação à dose de reforço, os municípios com maior nível de desenvolvimento tinham cerca de 10% da população imunizada, enquanto o grupo com IDH baixo esse percentual era de apenas 2,5%. O pesquisador do painel MonitoraCovid-19, Diego Xavier, afirma que o cenário é de alerta para a ocorrência de novos surtos da doença.
As desigualdades no processo de imunização foram observadas também pelo aspecto geográfico no estudo. As regiões Sul e Sudeste apresentaram elevado percentual da população imunizada, enquanto áreas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste registraram bolsões com baixa imunização.
É preocupante. ainda de acordo com o estudo, a situação das áreas de fronteira, consideradas vulneráveis para a entrada de novas variantes do coronavírus e espalhamento da covid-19 para todo o país.
Além da acelerar a campanha vacinal, os especialistas da Fiocruz reforçaram no estudo a importância das medidas de prevenção, como o uso de máscaras de qualidade e evitar aglomerações.