Líderes Yanomami pediram por socorro após novo ataque na comunidade Palimiú, no município de Alto Alegre, ao Norte de Roraima. Ao menos 45 barcos com garimpeiros armados chegaram durante a noite de sexta-feira (14) e a madrugada deste sábado (15) na região que fica às margens do Rio Uraricoera, conforme informou as lideranças.
Desde o dia 10 de maio, ocorrem conflitos armados entre garimpeiros e indígenas que moram e fazem a proteção da comunidade contra a extração ilegal.
Conforme informações do Conselho de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuanna (Condisi-Y), três garimpeiros morreram e quatro ficaram feridos durante os ataques que seguem pelo sexto dia. No entanto, a Hutukara, principal associação que representa o povo que vive na região, não confirma se houve mortes e registra quatro garimpeiros feridos e um indígena, também ferido, sem risco de morte.
Na manhã deste sábado, oito lideranças indígenas deixaram a comunidade e vieram a Boa Vista, capital do estado, para pedir socorro e relatar as ameaças e perigos que têm sofrido com a presença garimpeira na região.
Em coletiva de imprensa, realizada pelo Instituto Socioambiental (ISA), as lideranças contaram os momentos de terror que vivem desde que os ataques se iniciaram. Eles também reforçaram a grave ameaça que o garimpo ilegal causa na maior reserva indígena no Brasil.
“A comunidade não tem segurança. Exército e Polícia não está lá. Nós, os Yanomami mesmo, que estamos vigiando as crianças, os idosos, toda a maloca. Estamos com sono, não estamos quase aguentando. Estamos esperando um momento para voltar. Por favor! Urgente! Por vários anos, várias décadas passadas, vocês já sabem desse sofrimento. Eu vim voando para falar isso”, disse o líder indígena Timóteo Yanomami.
As lideranças, acompanhada de Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara, teriam ainda neste sábado uma reunião com representantes do Ministério Público Federal (MPF) de Roraima para pedir ajuda.
Ao Roraima 1, a assessoria de comunicação da Polícia Federal informou que a instituição “está acompanhando” o conflito e que uma equipe será enviada para a região logo que o clima permitir o voo. Ainda segundo a PF, na quinta-feira (13) agentes federais estiveram na área juntamente com equipes do Exército Brasileiro e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
A reportagem também solicitou um posicionamento do Exército, mas ainda não obteve resposta.