Moradores de comunidades indígenas e ribeirinhas às margens do rio Uraricoera, região Norte de Roraima, registram a mudança da coloração da água do rio e a diminuição dos peixes. A situação é ocasionada pela exploração do garimpo ilegal.
No último dia 24 de fevereiro, o coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Enock Taurepang, esteve na Terra Indígena Ouro e registrou em vídeo o forte impacto da presença garimpeira na região que ameaça comunidades dos povos Wapichana e Macuxi.
“Aqui estamos na Terra Indígena Ouro, às margens de um dos principais rios do estado de Roraima, o rio Uraricoera. E aqui, a gente pode confirmar a destruição do nosso rio. Tudo isso é causado claramente pela questão do garimpo, que está localizado dentro da Terra Indígena Yanomami”, detalhou o coordenador na gravação.
Na filmagem, a moradora de uma das comunidades indígenas localizadas próxima ao rio, contou que, antes, o rio possuía abundância de peixes e água limpa.
“Quando eu cheguei aqui essa água era boa. Tinha bastante peixe. Hoje, não tem. A água tá suja e o peixe não enxerga mais o anzol. É desse rio que a gente tira o sustento de casa para nós comer. E agora é suja desse jeito. A água está quase da cor do leite”, contou Édina Tomé Macuxi, de 72 anos.
O vídeo gravado pelo coordenador, foi publicado nas redes sociais do Cir na última quinta-feira (4). Conforme Enock Taurepang, ainda na filmagem, uma amostra da água do rio Uraricoera foi colhida para enviar à análise.
A suspeita das lideranças indígenas é que tenha mercúrio na água – substância que ajuda a catalisar o ouro, mas apontada como danosa ao meio ambiente.
Ao Roraima 1, a assessoria jurídica do Cir informou, neste sábado (6), que um relatório atualizado sobre o impacto do garimpo nas comunidades indígenas está sendo elaborado. “Depois encaminharemos às autoridades para uma providência”, disse.