Nos últimos quatro anos, a crise socioeconômica e política na Venezuela levou mais de 5 milhões de pessoas a migrarem a outros países, especialmente, na América Latina. Dados da Plataforma de Resposta a Venezuelanos e Venezuelanas, atualizados em 30 de agosto, mostram que o Brasil abriga, hoje, 262.475 migrantes legais, dos quais 102.504 estão à procura de asilo e 148.782 já conseguiram visto permanente ou temporário.
A partir desse contexto de emergência, o “Projeto Orinoco: águas que atravessam fronteiras” começou a realizar suas ações em Boa Vista e em Pacaraima.
Desde 2019, a ação da Cáritas Brasileira, em parceria com a Cáritas Diocesana de Roraima, financiado pela BHA/USAID, atende migrantes e refugiados venezuelanos com água, saneamento e higiene.
As instalações do projeto foram construídas em espaços cedidos pelas igrejas católicas e contam com água de poço artesiano para utilização de chuveiros e sanitários e sistema energia solar. Os bebedouros são abastecidos pela concessionária estadual de água e toda a água consumida é monitorada para garantir o padrão de potabilidade.
“Nós construímos estruturas físicas em ambientes religiosos que historicamente possuem ação social e, até certo ponto, autossuficientes, pois contam com água de poço e energia solar. Dessa forma, uma vez que o Projeto Orinoco se encerre, e a situação migratória minimize, a igreja poderá dar seguimento atendendo pessoas em situação de vulnerabilidade com todos os serviços que hoje são prestados pela Cáritas”, informou o coordenador local de emergências, Raphael Macieira.
Na primeira etapa, o projeto construiu fraldários, chuveiros, sanitários e instalou bebedouro industrial em quatro igrejas católicas. Realizou melhorias nas condições de saneamento e água em ocupações espontâneas e distribuiu kits de higiene. Além disso, Orinoco construiu lavanderias nas duas cidades assistidas.
Agora, principalmente em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), dados de várias fontes indicavam a necessidade da continuidade do programa relacionado a WASH. Nesta perspectiva, a Cáritas Brasileira, com o financiamento da USAID, promove a segunda etapa do projeto, com a ampliação das ações.
A segunda etapa do Orinoco deve atender as necessidades urgentes de 6.554 migrantes em ao menos 14 ocupações espontâneas, na capital e fronteira; construir uma nova lavanderia, uma nova instalação na rodoviária de Boa Vista e, também, garantir a manutenção do funcionamento das instalações já construídas na primeira fase.
Atualmente, o projeto Orinoco está com duas instalações de WASH em funcionamento. Uma localizada nas dependências da Igreja Nossa Senhora da Consolata, no bairro São Vicente, zona Sul de Boa Vista, e outra no Centro de Capacitação e Referência, no bairro Vila Nova, município de Pacaraima. As duas unidades atendem de 8h às 12h e de 13h às 17h, de segunda à sexta-feira.