Um estudo do Instituto Socioambiental (ISA) feito em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e revisado pela Fiocruz mostra que, se nada for feito para conter a transmissão do coronavírus na Terra Indígena Yanomami, cerca de 5,6 mil indígenas podem ser infectados, considerando apenas as aldeias próximas às zonas de garimpo. O que representa 40% da população que vive nessas áreas. Os dados foram publicados nesta terça-feira (2).
Para o levantamento, foram considerados 13.889 indígenas (50,7% da população da TI
Yanomami), que residem a menos de cinco quilômetros das áreas de invasão garimpo.
Nessa região, estima-se uma população de 20 mil garimpeiros. O estudo estima ainda que se a letalidade for duas vezes maior do que a população não indígena, 207 óbitos por coronavírus serão notificados apenas em Roraima.
Para evitar uma tragédia, o Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana lançou a campanha #ForaGarimpoForaCovid. O objetivo é mobilizar a sociedade e pressionar o governo para retirar os garimpeiros. A medida é indispensável para que os yanomami possam fazer isolamento social, necessário para evitar a transmissão da Covid-19.
A doença já provocou três mortes entre os Yanomami e há outros 55 casos confirmados entre os Yanomami e Ye’kwana, entre eles, o adolescente Alvanei Xirixana, que morreu no Hospital Geral de Roraima (HGR)no dia 12 de abril. Ele foi a primeira vítima fatal por coronavírus entre indígenas no país.
GARIMPO
Desde o início de 2019, a TI Yanomami sofre com um aumento da atividade garimpeira, com um número estimado de 20 mil garimpeiros presentes no território, instalados ilegalmente em acampamentos, alguns com serviços permanentes de abastecimento e comunicação via satélite.
Ainda de acordo com o estudo, o aumento da cotação internacional do ouro, o enfraquecimento das políticas oficiais de proteção aos direitos dos povos indígenas e de proteção ao meio ambiente, e pressões do atual governo em favor da legalização da
mineração em Terras Indígenas, incluindo o garimpo, são alguns dos estímulos à renovada corrida do ouro.
FATORES DE RISCO
Além disso as condições de vida dos yanomami interferem na proliferação e nos efeitos do vírus na comunidade. As moradias coletivas dos Yanomami, com muitos indivíduos e famílias em uma mesma casa, representam um fator de risco neste contexto. A média de moradores por domicílio verificada na Terra Indígena Yanomami no Censo Demográfico 2010 é de 7,8, superior à média nacional, que é 3,3. A média de domicílios sem banheiro de uso exclusivo ou sanitário na TI é de 97%, quando a média nacional é de 6,2%
Outro fator de risco é a morbidade: os Yanomami têm alta incidência de doenças que podem agravar a infecção pelo coronavírus. Segundo o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi), nos últimos dez anos (2010 a 2019) o número de óbitos referentes a infecções respiratórias agudas (J00 a J22) aumentou em 6% na população entre 0 a 14 anos e 300% na população maior que 50 anos.
O levantamento do ISA também mostra que os Polo Base (equivalente a posto de saúde que atendem a Terra Indígena Yanomami têm o maior grau de vulnerabilidade entre os 172 estudados do Brasil. Os 37 postos da TI tem a pior nota (0,7) – sendo 1 a pior nota possível. A média no índice de vulnerabilidade para os 172 polos base é de 0,53 (quanto mais próximo de 1, maior é a vulnerabilidade do polo base). Esse índice crítico só foi encontrado nos polos que atendem os Yanomami.
“Por isso, devem ser urgentemente protegidos, sob risco de genocídio com a cumplicidade do Estado brasileiro”, finaliza o estudo.
Tem que retirar os garimpeiros, padres, missionários, ONGs, estrangeiros, esses estudiosos que vão lá, ou seja, se é pra retirar, que seja feito um limpa geral, sem ninguém, NINGUÉM mesmo.