As primeiras atividades relacionadas a promoção de higiene, saúde e bem estar, além de cadastros e da pesquisa sobre as famílias de imigrantes e refugiados, que vivem em situação de rua em ocupações de prédios públicos, começaram a ser desempenhadas em Boa Vista, por meio da Cáritas Diocesana de Roraima e Cáritas Brasil, segmentos de apoio à sociedade da igreja católica.
O projeto humanitário Orinoco: Águas que atravessam fronteiras – tem como objetivo oferecer água, saneamento e higiene a essas pessoas. As ações estão acontecendo nas dependências do pátio da igreja católica Santo Agostinho, no bairro Pricumã, zona Sudoeste de Boa Vista.
O espaço passou por uma reforma e novas instalações foram adotadas para as atividades. Um fraldário foi construído; a área do banheiro foi reformada, oferecendo novos chuveiros, sanitários e lavatórios; além da instalação de um bebedouro com capacidade para 200 litros de água potável. Outros espaços também foram reformados e receberam melhorias para poder melhor acolher os beneficiados. Dentre eles, o refeitório que conta agora com maior estrutura para o momento do café a manhã, também cedido pela Igreja e seus parceiros.
O local chegou a atender cerca de mil pessoas entre homens, mulheres e crianças, mas atualmente são 500 pessoas, pois somente mulheres e crianças tem prioridade no espaço. Os homens passaram a ser atendidos na Rodoviária Internacional de Boa Vista, próximo a igreja. As responsáveis pela organização dos atendimentos do café da manhã são as irmãs Missionárias da Caridade de Madre Teresa de Calcutá e agora a Cáritas soma-se as irmãs para fortalecer os atendimentos humanitários.
Mudando vidas e oferecendo esperança
Maria Gonzales, 35 anos, está somente há 16 dias em Boa Vista, vivendo nas ruas. Ela veio, com duas filhas menores, da cidade de Barcelona, estado de Anzoátegui, na Venezuela. Foram quatro dias de ônibus e pedindo carona para chegar ao Brasil. Hoje, a migrante é uma das mulheres atendidas nas dependências da igreja de Santo Agostinho, no bairro Pricumã. Gonzales sente a dura migração forçada e deseja voltar para o seu país por conta do desemprego, mas em meio a tristeza encontra esperanças nas pessoas. Na igreja, ela é uma das cadastradas com o cartão do projeto Orinoco para o uso das novas instalações “Aqui não está fácil, não consigo trabalho, minha vontade é voltar para a Venezuela. Apesar de tudo, encontro pessoas como vocês que podem nos ajudar a nos dar esperanças”, disse.
Do Sul do estado de Bolívar, na Venezuela, veio Fátima Elisabel, de 21 anos. Ela chegou sozinha, mas deixou dois filhos pequenos no país de origem, e há um mês vive nas ruas de Boa Vista, a noite dorme nas barracas da Operação Acolhida, instaladas atrás da Rodoviária Internacional. Desde quando chegou procurou a igreja Santo Agostinho para as refeições da manhã. Ela também foi cadastrada pela equipe do projeto para o uso das instalações. “Aqui na igreja está funcionando muito bem, as irmãs são amáveis, nos atendem bem e agora o ambiente ficou mais acolhedor com as pinturas”, destacou.
Kits de higiene
A OIM – Organização Internacional para Migrações – ofereceu 1.300 kits de higiene pessoal, conforme explicou Lana de Morais Barreto, assistente de projeto da Organização. “São kits individuais que vem com shampoo, sabonete, toalha, roupas íntimas, chinelo, escova e pasta de dentes, além de absorventes para as mulheres e creme de barbear para homens. Além de material de limpeza para as famílias”, destacou.
Para o assessor de monitoramento e avaliação do projeto Orinoco, Wellthon Leal, a parceria está proporcionando dignidade aos beneficiários. “Garantir higiene para a população migrante significa a garantia de dignidade mínima de saúde para todas as pessoas, tanto para as famílias de migrantes quanto para brasileiros, que recebem essa população. Pensar em saúde é pensar num todo e seu impacto”, destacou.
Ampliação do atendimento aos imigrantes
A reforma e ampliação nos espaços físicos do pátio da igreja de Santo Agostinho foi só o começo. A próxima estrutura já está sendo construída nas dependências da igreja Nossa Senhora da Consolata, no bairro São Vicente, zona Sul de Boa Vista, próximo a Rodoviária Internacional. Lá será a maior estrutura do projeto, com 14 banheiros sanitários, 16 banheiros com chuveiros, 20 lavatórios com pias, duas máquinas de lavagem de roupas industriais, uma secadora de roupa industrial, quatro banheiro portáteis, um bebedouro de 200 litros, um sistema de captação de água fluvial e um sistema de captação de energia solar. Esse trabalho já começa em dezembro.
Área de fronteira
O projeto humanitário também atenderá famílias desabrigadas em Pacaraima. No Centro de Formação Comunitária, da Paróquia Sagrado Coração de Jesus, está prevista a construção de oito banheiros sanitários, oito banheiros com chuveiros, 14 lavatórios com pias, duas máquinas industriais para lavagem de roupas, uma secadora industrial de roupas, quatro banheiros portáteis, um bebedouro de 200 litros, um sistema de captação de água pluvial e mais um sistema de painéis solares. Ainda em Pacaraima, nas dependências do Café Fraterno, serão instalados dois banheiros portáteis e outro bebedouro de 200 litros.