Como não sabe trabalhar com poucos recursos públicos, já que historicamente foi beneficiada por aliados junto ao Governo Federal com gordos orçamentos, a prefeita Teresa Surita (MDB) começou a agir para colocar a culpa em alguém, quando passar a faltar recursos para administrar Boa Vista. Ao convocar ontem a imprensa para uma coletiva, Teresa acusou parlamentares da bancada federal de tentar prejudicá-la politicamente ao assinarem um contingenciamento que cortou a zero uma emenda impositiva de R$30 milhões.
A prefeita quer fazer a opinião pública acreditar que esse corte teria cunho eleitoral, já que alguns parlamentares demonstraram interesse em concorrer à Prefeitura de Boa Vista, no ano que vem, ou de lançarem candidatura de familiares. Mas, ao partir para o ataque, esqueceu-se que, no passado, ela e seus aliados de tudo fizeram para sufocar a administração de seu antecessor, o então prefeito Iradilson Sampaio, que terminou sua administração com cenário de terra arrasada justamente por falta de recursos federais.
Teresa sabia que, sufocando o prefeito anterior, ela surgiria como a “salvadora da pátria”, como de fato ocorreu. Agora ela teme o mesmo, sabendo que essa sabotagem política é possível e funciona muito bem. Porém, o que a prefeita não contava é que os fatos e os números a contradizem. Além de não estar faltando dinheiro em caixa, recursos para emendas para a construção de três postos de saúde na Capital terminaram por ser devolvidos porque os projetos não foram executados. O mesmo ocorreu, ao longo de seus dois seguidos governos, na Educação, quando obras de ao menos cinco creches foram abandonadas.
Só aí dá para perceber que Teresa não tem Educação e Saúde como prioridade, quando largou obras e permitiu que recursos importantes fossem devolvidos para Brasília. E mais: no orçamento de 2018, a bancada roraimense destinou emenda no valor de R$ 62 milhões para que o município investisse em obras de melhoria urbana, mesmo objetivo da emenda de 2019, porém, a Prefeitura só conseguiu empenhar o valor de R$ 43,7 milhões, recursos esses que não foram executados no ano passado e que estão disponíveis para serem investidos neste ano. Portanto, o choro de Teresa não se sustenta à luz dos fatos.
Para piorar sua situação política, desde que saiu para a reeleição, Teresa decidiu que não precisava de aliados na Câmara de Vereadores muito menos na Assembleia Legislativa, bem como ignorou parlamentares da bancada federal. Arrota por aí que se reelegeu sozinha numa votação histórica e acreditava que poderia continuar assim, sem precisar recorrer à bancada federal. Ao não procurar dialogar, sequer se deu ao luxo de explicar como iria utilizar os recursos pleiteados, já que dinheiro está voltando e há recursos em caixa.
É bom frisar que o corte a zero feito pela bancada federal foi para que esse recurso seja priorizado em Saúde, Educação e Segurança, setores que Teresa Surita vem ignorando ao longo de suas administrações. Ela tem preferido trabalhar com gordos recursos públicos para outras obras que embelezam a cidade e enchem os bolsos de empreiteiras. Por fim, se a prefeita sente-se isolada, o motivo é sua arrogância política em um país que não admite mais privilégios aos quais ela estava acostumada.
*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br