Mecias de Jesus (Republicanos-RR) Foto: SupCom ALE-RR

Desde agosto, Roraima assiste a uma situação que beira o constrangimento institucional: a vaga aberta no Tribunal de Contas do Estado (TCE-RR) segue sem ocupação efetiva, apesar de já haver um nome escolhido, sabatinado e aprovado com rapidez incomum pela Assembleia Legislativa. O senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR) foi indicado para o cargo de conselheiro, mas, até agora, não deixa o Senado Federal nem assume a função para a qual foi escolhido.

Diante desse impasse, é inevitável questionar: qual é, afinal, o posicionamento oficial da Assembleia Legislativa de Roraima e do próprio Tribunal de Contas do Estado? O silêncio de ambas as instituições não apenas alimenta especulações, como fragiliza a credibilidade dos ritos republicanos que deveriam orientar a ocupação de cargos tão relevantes.

A sabatina em caráter de urgência, realizada pelos deputados estaduais, sugeria que havia pressa e necessidade institucional de preencher a vaga no TCE. Passados vários meses, essa urgência se revelou, no mínimo, incoerente. A Corte de Contas segue desfalcada, enquanto o indicado permanece em Brasília, aguardando definições políticas que nada têm a ver com o funcionamento regular do tribunal.

É notório que o cenário político de Roraima está diretamente impactado pelo julgamento da situação do governador Antonio Denarium no Tribunal Superior Eleitoral. No entanto, condicionar a assunção de um cargo técnico e vital para o controle das contas públicas a desfechos eleitorais futuros revela uma postura que pode ser interpretada como irresponsável com a coisa pública. O TCE não é, e nem deve ser, peça de xadrez em disputas políticas.

Outro ponto que não pode ser ignorado é o reflexo dessa indefinição no Senado Federal. A eventual saída do senador abriria espaço para sua suplente, uma dentista cujo marido já foi alvo de investigações no passado. Independentemente de desfechos ou responsabilidades, trata-se de um dado público que reforça a necessidade de transparência e clareza sobre os próximos passos, evitando que decisões importantes sejam empurradas para os bastidores.

A Assembleia Legislativa, que foi célere para aprovar a indicação, precisa agora explicar à sociedade qual é sua posição diante do prolongado vácuo institucional. O Tribunal de Contas, por sua vez, deve se manifestar sobre como a ausência de um conselheiro impacta suas atividades e se considera razoável essa espera indefinida.

Instituições fortes se constroem com previsibilidade, responsabilidade e respeito ao interesse público. O que se vê hoje é o oposto: uma vaga estratégica tratada como moeda política e um silêncio que compromete a confiança da população. Roraima merece respostas claras, e elas precisam vir agora, não quando os ventos eleitorais mudarem de direção.

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