O Banco Central decidiu suspender, por tempo indeterminado, a regulamentação do Pix parcelado após sucessivos atrasos no cronograma interno. As regras estavam previstas para outubro e o manual operacional para dezembro, mas o processo foi interrompido nesta semana.
Segundo fontes ouvidas pela Gazeta do Povo, a autoridade monetária informou a agentes internos que precisa aprofundar estudos sobre a experiência do usuário e os impactos regulatórios do produto. O Banco Central foi procurado e ainda não se manifestou oficialmente.
O Pix parcelado é defendido pelo comércio como uma alternativa às taxas elevadas cobradas pelas operadoras de cartão de crédito. No modelo atual de pagamentos à vista, o Pix respondeu por 47 por cento das operações no ano passado, segundo os dados mais recentes do setor.
Mesmo sem regulamentação específica, diversas instituições financeiras já oferecem versões próprias do Pix parcelado, sem padronização e sem supervisão operacional definida. Na prática, a operação funciona de forma semelhante ao cartão de crédito, em que o consumidor paga parcelado, o vendedor recebe à vista e as taxas variam de 1,59 por cento a 9 por cento conforme o perfil do cliente.
Em agosto, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que o Pix parcelado poderia ampliar o acesso ao crédito para quem não possui cartão e fortalecer a concorrência no varejo. Segundo ele, cerca de 60 milhões de pessoas poderiam parcelar compras de maior valor com tarifas menores.
Em declaração mais recente, ao ser questionado sobre o atraso da regulamentação, Galípolo minimizou a demora e afirmou que a modalidade já está disseminada no mercado, com rápida adesão desde o lançamento inicial das ofertas pelas instituições.
Criado em 2020, o Pix movimentou cerca de 60 trilhões de reais em cinco anos. O maior volume anual foi registrado no ano passado, com 26,4 trilhões de reais. Na última Black Friday, o sistema alcançou novo recorde diário ao movimentar 166,2 bilhões de reais em 297,4 milhões de transações.
