Em meio a sucessivas cassações e denúncias, às vésperas de deixar o cargo por abuso de poder político e econômico, além de compra de votos, o governador Antonio Denarium (PP) parece cada dia mais distante das reais necessidades do povo de Roraima. O estado mais ao Norte do país, tão rico em potencial e diversidade, vive hoje uma contradição gritante: enquanto os recursos públicos se perdem em obras inacabadas, disputas judiciais e políticas de ocasião, comunidades inteiras continuam sem estradas, escolas ou hospitais funcionando plenamente.
Nos últimos anos, Denarium prometeu transformar Roraima em um polo de prosperidade. Falou em desenvolver o agronegócio, gerar empregos e fortalecer programas sociais. No entanto, o que se viu foi a fragilização da gestão pública, marcada por escândalos de abuso de poder econômico, investigações de corrupção e até suspeitas de envolvimento em crimes graves. O discurso da eficiência e da honestidade sucumbiu diante da realidade de uma administração que se tornou refém de interesses eleitorais e da lógica do improviso.
Enquanto o governo se defende nos tribunais, as prioridades reais do estado seguem esquecidas. Estradas vicinais continuam abandonadas, isolando produtores e comunidades rurais. A rede hospitalar enfrenta carência de profissionais e equipamentos. As escolas, muitas delas com obras paradas há anos, são o retrato da negligência. E o garimpo ilegal — incentivado por uma política conivente — avança sobre terras indígenas, levando destruição ambiental e sofrimento humano.
O papel de um verdadeiro governante seria investir em infraestrutura, educação e transparência, pilares essenciais para tirar Roraima do atraso. Mas o que se viu foi o contrário: falta de planejamento, decisões autoritárias e ausência de diálogo com a sociedade civil, indígenas e instituições federais. O resultado é um estado em permanente tensão, onde as promessas de desenvolvimento sustentável foram substituídas por um projeto de poder personalista e concentrador.
Hoje, quando o nome de Denarium aparece em manchetes por novas cassações e acusações, Roraima precisa fazer uma escolha: continuar sob o comando do grupo que governa pensando em eleições — ou reconstruir o estado sobre os princípios de ética, respeito e responsabilidade pública. O futuro de Roraima depende de um governo que olhe para as pessoas, não para os palanques.
Confira setores e segmentos sociais que o governador cassado não atendeu em 7 anos:
1. Infraestrutura e integração regional
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Melhorar e pavimentar rodovias estaduais e vicinais (muitas ainda são de terra e inviabilizam o escoamento agrícola e o acesso a comunidades).
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Expandir a energia elétrica confiável — sobretudo em áreas ainda dependentes de termelétricas e geradores.
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Investir em conectividade digital (internet de qualidade no interior).
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Garantir transporte público eficiente em Boa Vista e municípios periféricos.
2. Desenvolvimento econômico sustentável
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Diversificar a economia: fortalecer agricultura familiar, agroindústria e turismo ecológico, reduzindo dependência do funcionalismo e do garimpo.
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Apoiar pequenos produtores rurais com assistência técnica, crédito e infraestrutura.
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Regularizar terras e títulos rurais, de modo a evitar conflitos fundiários.
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Fomentar a bioeconomia e cadeias produtivas sustentáveis ligadas à floresta e aos recursos naturais.
3. Saúde pública
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Fortalecer hospitais regionais e melhorar a rede de atenção básica.
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Reduzir a dependência de Boa Vista para atendimentos de média e alta complexidade.
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Garantir saúde indígena e interiorização de equipes médicas.
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Modernizar o sistema de regulação para evitar filas e deslocamentos longos.
4. Educação e qualificação
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Zerar obras escolares paralisadas e equipar escolas técnicas.
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Ampliar o ensino médio profissionalizante e a educação indígena bilíngue.
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Valorizar e formar professores.
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Criar programas estaduais de bolsas e estágios para manter jovens no estado.
5. Segurança pública
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Fortalecer a Polícia Militar e Civil com equipamentos e efetivo.
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Criar programas de prevenção à violência juvenil.
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Combater o narcotráfico nas fronteiras (com Guiana e Venezuela).
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Melhorar o sistema prisional e as condições de trabalho dos agentes.
6. Proteção ambiental e povos indígenas
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Combater efetivamente o garimpo ilegal e o desmatamento em terras indígenas e unidades de conservação.
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Apoiar políticas de sustentabilidade e fiscalização ambiental.
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Estabelecer diálogo constante com lideranças indígenas e ONGs locais.
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Incentivar alternativas econômicas limpas nas comunidades afetadas pelo garimpo.
7. Gestão pública e transparência
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Publicar dados detalhados sobre obras, contratos e repasses.
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Cumprir leis de acesso à informação e controle social.
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Reforçar órgãos de controle interno e auditoria.
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Digitalizar processos administrativos para reduzir corrupção e burocracia.
8. Energia e meio ambiente
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Integrar totalmente Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica.
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Estimular projetos de energia solar e de biomassa — o estado tem alto potencial solar.
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Reduzir custos de energia, hoje entre os mais altos do país.
9. Política social e cidadania
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Ampliar programas de transferência de renda e combate à fome.
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Garantir moradia digna e saneamento básico.
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Promover inclusão de refugiados e migrantes venezuelanos.
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Valorizar políticas de igualdade racial e de gênero.
10. Relações federativas e fronteiriças
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Atuar junto à União para captar recursos e acelerar repasses.
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Criar política estadual de fronteira com foco em segurança, saúde e integração comercial.
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Cooperar com Guiana e Venezuela em temas ambientais e sanitários.
A provável transição que se anuncia representa um marco de renovação para o estado de Roraima. Após um período sucessivos governados construídos sob instabilidade administrativa, caracterizados por falhas de gestões, ausência de planejamento e uso ineficiente dos recursos públicos, abre-se a oportunidade de reestruturar o governo sobre fundamentos mais sólidos, técnicos e responsáveis.
Este novo momento inspira confiança e esperança em uma administração comprometida com o desenvolvimento sustentável, a transparência na condução da coisa pública e a promoção do bem-estar da população roraimense. É disso o que Roraima precisa.








