Antonio Denarium (PP) e Edilson Damião (Republicanos). Foto: reprodução/Facebook

Em meio a sucessivas cassações e denúncias, às vésperas de deixar o cargo por abuso de poder político e econômico, além de compra de votos, o governador Antonio Denarium (PP) parece cada dia mais distante das reais necessidades do povo de Roraima. O estado mais ao Norte do país, tão rico em potencial e diversidade, vive hoje uma contradição gritante: enquanto os recursos públicos se perdem em obras inacabadas, disputas judiciais e políticas de ocasião, comunidades inteiras continuam sem estradas, escolas ou hospitais funcionando plenamente.

Nos últimos anos, Denarium prometeu transformar Roraima em um polo de prosperidade. Falou em desenvolver o agronegócio, gerar empregos e fortalecer programas sociais. No entanto, o que se viu foi a fragilização da gestão pública, marcada por escândalos de abuso de poder econômico, investigações de corrupção e até suspeitas de envolvimento em crimes graves. O discurso da eficiência e da honestidade sucumbiu diante da realidade de uma administração que se tornou refém de interesses eleitorais e da lógica do improviso.

Enquanto o governo se defende nos tribunais, as prioridades reais do estado seguem esquecidas. Estradas vicinais continuam abandonadas, isolando produtores e comunidades rurais. A rede hospitalar enfrenta carência de profissionais e equipamentos. As escolas, muitas delas com obras paradas há anos, são o retrato da negligência. E o garimpo ilegal — incentivado por uma política conivente — avança sobre terras indígenas, levando destruição ambiental e sofrimento humano.

O papel de um verdadeiro governante seria investir em infraestrutura, educação e transparência, pilares essenciais para tirar Roraima do atraso. Mas o que se viu foi o contrário: falta de planejamento, decisões autoritárias e ausência de diálogo com a sociedade civil, indígenas e instituições federais. O resultado é um estado em permanente tensão, onde as promessas de desenvolvimento sustentável foram substituídas por um projeto de poder personalista e concentrador.

Hoje, quando o nome de Denarium aparece em manchetes por novas cassações e acusações, Roraima precisa fazer uma escolha: continuar sob o comando do grupo que governa pensando em eleições — ou reconstruir o estado sobre os princípios de ética, respeito e responsabilidade pública. O futuro de Roraima depende de um governo que olhe para as pessoas, não para os palanques.

Confira setores e segmentos sociais que o governador cassado não atendeu em 7 anos:

1. Infraestrutura e integração regional

  • Melhorar e pavimentar rodovias estaduais e vicinais (muitas ainda são de terra e inviabilizam o escoamento agrícola e o acesso a comunidades).

  • Expandir a energia elétrica confiável — sobretudo em áreas ainda dependentes de termelétricas e geradores.

  • Investir em conectividade digital (internet de qualidade no interior).

  • Garantir transporte público eficiente em Boa Vista e municípios periféricos.

2. Desenvolvimento econômico sustentável

  • Diversificar a economia: fortalecer agricultura familiar, agroindústria e turismo ecológico, reduzindo dependência do funcionalismo e do garimpo.

  • Apoiar pequenos produtores rurais com assistência técnica, crédito e infraestrutura.

  • Regularizar terras e títulos rurais, de modo a evitar conflitos fundiários.

  • Fomentar a bioeconomia e cadeias produtivas sustentáveis ligadas à floresta e aos recursos naturais.

3. Saúde pública

  • Fortalecer hospitais regionais e melhorar a rede de atenção básica.

  • Reduzir a dependência de Boa Vista para atendimentos de média e alta complexidade.

  • Garantir saúde indígena e interiorização de equipes médicas.

  • Modernizar o sistema de regulação para evitar filas e deslocamentos longos.

4. Educação e qualificação

  • Zerar obras escolares paralisadas e equipar escolas técnicas.

  • Ampliar o ensino médio profissionalizante e a educação indígena bilíngue.

  • Valorizar e formar professores.

  • Criar programas estaduais de bolsas e estágios para manter jovens no estado.

5. Segurança pública

  • Fortalecer a Polícia Militar e Civil com equipamentos e efetivo.

  • Criar programas de prevenção à violência juvenil.

  • Combater o narcotráfico nas fronteiras (com Guiana e Venezuela).

  • Melhorar o sistema prisional e as condições de trabalho dos agentes.

6. Proteção ambiental e povos indígenas

  • Combater efetivamente o garimpo ilegal e o desmatamento em terras indígenas e unidades de conservação.

  • Apoiar políticas de sustentabilidade e fiscalização ambiental.

  • Estabelecer diálogo constante com lideranças indígenas e ONGs locais.

  • Incentivar alternativas econômicas limpas nas comunidades afetadas pelo garimpo.

7. Gestão pública e transparência

  • Publicar dados detalhados sobre obras, contratos e repasses.

  • Cumprir leis de acesso à informação e controle social.

  • Reforçar órgãos de controle interno e auditoria.

  • Digitalizar processos administrativos para reduzir corrupção e burocracia.

8. Energia e meio ambiente

  • Integrar totalmente Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica.

  • Estimular projetos de energia solar e de biomassa — o estado tem alto potencial solar.

  • Reduzir custos de energia, hoje entre os mais altos do país.

9. Política social e cidadania

  • Ampliar programas de transferência de renda e combate à fome.

  • Garantir moradia digna e saneamento básico.

  • Promover inclusão de refugiados e migrantes venezuelanos.

  • Valorizar políticas de igualdade racial e de gênero.

10. Relações federativas e fronteiriças

  • Atuar junto à União para captar recursos e acelerar repasses.

  • Criar política estadual de fronteira com foco em segurança, saúde e integração comercial.

  • Cooperar com Guiana e Venezuela em temas ambientais e sanitários.

A provável transição que se anuncia representa um marco de renovação para o estado de Roraima. Após um período sucessivos governados construídos sob instabilidade administrativa, caracterizados por falhas de gestões, ausência de planejamento e uso ineficiente dos recursos públicos, abre-se a oportunidade de reestruturar o governo sobre fundamentos mais sólidos, técnicos e responsáveis.

Este novo momento inspira confiança e esperança em uma administração comprometida com o desenvolvimento sustentável, a transparência na condução da coisa pública e a promoção do bem-estar da população roraimense. É disso o que Roraima precisa.

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