
Neste fim de semana foi inaugurado o novo aeródromo da Voare Táxi Aéreo no município do Cantá, interior de Roraima. O espaço, localizado na Estrada da Malacacheta, KM 16, na BR-432, recebeu o nome de “Pouso da Águia” (SWPD) e deve servir para transporte de pessoas, cargas e serviços aeromédicos.
A cerimônia de inauguração contou com a presença de autoridades estaduais e municipais, além de executivos da empresa e moradores da região. A Voare destacou que o novo aeroporto representa um avanço logístico para o estado, com foco em infraestrutura, tecnologia e transporte aéreo regional.

A quem pertence a Voare Táxi Aéreo
A Voare Táxi Aéreo Ltda., com sede em Boa Vista e filial no Cantá, atua no transporte aéreo de passageiros e cargas. A empresa tem como sócios Renildo Evangelista Lima e Eduarda Lima Brito Canavarro, segundo registros da Receita Federal.
A empresa ganhou visibilidade nacional após a deputada federal Helena da Asatur (MDB-RR) declarar possuir 10% de participação na companhia em seu patrimônio.
Contratos milionários e investigações
A Voare está envolvida em diversas polêmicas relacionadas a contratos públicos. Desde 2023, a empresa firmou 17 contratos com o governo federal, somando cerca de R$ 271 milhões, dos quais R$ 96 milhões foram assinados sem licitação, na época da pandemia de Covid-19.
O maior deles, avaliado em R$ 211,5 milhões, foi firmado com o Ministério da Saúde para prestar serviços de transporte aéreo e apoio logístico à saúde indígena Yanomami por dois anos.
Em setembro de 2024, o empresário Renildo Evangelista Lima foi flagrado pela Polícia Federal com cerca de R$ 500 mil em espécie escondidos na roupa, episódio que ganhou grande repercussão.
Além disso, auditorias em contratos da Voare com distritos sanitários indígenas (DSEIs) apontaram irregularidades, como uso de aeronaves não autorizadas, pagamentos fora do edital e transporte de pessoas sem critérios legais.
Novo empreendimento
A inauguração do aeroporto em Cantá é vista como um avanço para o transporte aéreo em Roraima, principalmente para áreas de difícil acesso. A estrutura deve facilitar o envio de cargas, o transporte de pacientes e o escoamento da produção local.
Por outro lado, as ligações da empresa com políticos e contratos públicos milionários levantam dúvidas sobre transparência e possíveis favorecimentos.
Entre as questões que ainda preocupam estão: Se o novo aeroporto vai beneficiar outras empresas aéreas ou criar um monopólio regional; se houve fiscalização adequada nos contratos públicos da empresa; e se o espaço será aberto ao público ou usado apenas para operações privadas da Voare.
Expectativas e cautela
A inauguração do aeródromo da Voare Táxi Aéreo traz expectativas positivas para o desenvolvimento do interior de Roraima, mas também reacende o debate sobre transparência e controle do uso de recursos públicos.
Com o histórico de contratos milionários e investigações, o desafio agora é garantir que a nova estrutura sirva ao interesse coletivo — e não apenas ao fortalecimento de um grupo privado com forte influência política.







