O resultado do Índice de Transparência e Governança Pública 2025 representa bem o mote atual governo de Roraima: o Estado ficou no desconfortável 26º lugar, com 48,2 pontos de 100 possíveis, sendo classificado como “Regular”. O desempenho revela que a transparência pública em Roraima carece de estrutura, participação e compromisso efetivo com a boa governança.
As principais fragilidades do governo aparecem nas dimensões Participação Social e Legal, que são justamente as bases de uma gestão democrática e íntegra. A ausência de conselhos de transparência e de usuários dos serviços públicos, a falta de canais para participação popular no orçamento e a inexistência de normas sobre conflito de interesses e nepotismo revelam um distanciamento entre o governo e os cidadãos. Além disso, a falta de regulamentação de leis fundamentais — como as de Anticorrupção, Governo Digital e Proteção de Dados Pessoais — enfraquece os instrumentos legais que garantem a fiscalização e o controle social.
Transparência não se constrói apenas com portais e ferramentas. Ela depende de diálogo, normas éticas e participação popular. Sem esses pilares, a gestão pública corre o risco de se tornar opaca, mesmo quando parece digitalmente aberta.
A classificação “Regular” deve servir como alerta e convite à ação. Roraima precisa investir em mecanismos de controle social, fortalecer a legislação e criar espaços reais de escuta e colaboração com a sociedade. Somente assim será possível transformar a transparência em prática cotidiana — e não em um número insatisfatório em um ranking nacional.
É inquietante perceber como a falta de transparência se tornou o emblema de uma gestão fracassada, que parece operar nas sombras, distante do olhar vigilante da sociedade. A coisa pública, que deveria ser tratada com zelo e honestidade, transforma-se em território de interesses ocultos, onde a informação é filtrada, distorcida ou simplesmente silenciada. Nesse ambiente opaco, a confiança do cidadão se dissolve, e a própria noção de democracia se fragiliza. O discurso da eficiência e da modernidade não resiste ao peso das omissões e contradições, revelando uma administração que teme a luz — como se a verdade, uma vez exposta, denunciasse não apenas a incompetência, mas o descompromisso com o bem comum.








