Foto: Nuno Madeira

Pesquisadores da Embrapa visitaram a etnia Xirixana da Comunidade Sicanabiú, localizada na região do Baixo Mucajaí, dentro da Terra Indígena Yanomami, em Roraima, com o objetivo de instalar unidades de multiplicação de algumas espécies de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), como cará, araruta, taioba, inhame e cará-moela.

A agenda da equipe, que esteve no território entre os dias 24 e 26 de setembro, foi dedicada a organizar unidades de observação para testar o desempenho das plantas nas condições de clima e solo da comunidade.

“Nós iremos avaliar quais variedades adaptam-se melhor para, então, serem cultivadas em maior escala na próxima safra a partir de abril quando o período chuvoso na região favorece o plantio”, explica o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças.

Na estação seca, durante o verão amazônico, o que tem viabilizado os cultivos na comunidade é a irrigação a partir de tanque de peixes, abastecido por um poço artesiano com uma bomba movida por energia solar – atividade conduzida pelo técnico Ozélio Messias, da equipe da Embrapa Roraima.

Essa iniciativa junto ao povo Xirixana considerou uma visita técnica dos indígenas à Embrapa Hortaliças, em Brasília/DF, realizada em março desse ano, quando eles conheceram os bancos de conservação das hortaliças tradicionais – também conhecidas como plantas alimentícias não convencionais (PANC) para identificar materiais que pudessem ser cultivados no território indígena para melhoria da segurança alimentar e nutricional das comunidades.

Maior protagonismo para a roça

A tradição alimentar do povo Xirixana é baseada em atividades de caça, pesca e coleta, mas devido a problemas territoriais e degradação ambiental, o cultivo de alimentos – ou roçados, como eles chamam – tem ganhado maior expressão na base da alimentação da comunidade.

“Durante a visita, ficou muito claro que a mandioca continua sendo o principal alimento cultivado e consumido pelos indígenas e, por isso, a expectativa do projeto é contribuir com a ampliação da base alimentar com a introdução de novas variedades de hortaliças PANC, especialmente raízes e tubérculos, que contribuam para uma dieta mais rica e diversificada”, analisa Madeira.

A partir da instalação das unidades de observação, eles demonstraram interesse em conhecer e inserir os novos alimentos na dieta, o que pode assegurar maior soberania alimentar para essa população.

Respeito aos saberes tradicionais

O sucesso do projeto considera o equilíbrio entre o conhecimento técnico e os aspectos culturais dos povos indígenas. Portanto, o trabalho é uma construção conjunta que se baseia no diálogo e aprendizado mútuo, com respeito ao ritmo e as crenças da comunidade.

A próxima etapa envolve o acompanhamento do desempenho das espécies em teste durante os próximos meses. As plantas que apresentarem boa adaptação serão selecionadas para o plantio na próxima safra, contribuindo para a resiliência alimentar dos povos indígenas da região.

O projeto é conduzido pela pesquisadora Rosemary Vilaça e conta com o apoio do Instituto Federal de Roraima, nas ações com plantio de mandioca e registros fotográfico das atividades com o uso de drones.

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