Aeroporto de Boa Vista. Foto: ascom/ VINCI Airports

Viajar de avião no Brasil continua sendo um desafio para muitos passageiros, marcado por atrasos, cancelamentos e outros contratempos. Mas, ao contrário da percepção comum, a maior parte dos consumidores não leva essas queixas à Justiça. Essa é a conclusão de uma pesquisa inédita divulgada pela Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON).

O levantamento foi realizado entre 12 e 25 de agosto de 2025, com entrevistas presenciais de 986 passageiros em 19 aeroportos brasileiros. O objetivo foi registrar a experiência dos viajantes logo após os voos, evitando falhas de memória e garantindo maior precisão nos relatos.

Roraima participou da pesquisa

No Aeroporto Internacional de Boa Vista, a coleta de dados ocorreu entre os dias 12 e 14 de agosto. A ação contou com a participação do Promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Adriano Ávila, em conjunto com órgãos locais de proteção ao consumidor, reforçando a credibilidade do trabalho.

Problemas recorrentes, mas pouca judicialização

Entre os entrevistados, 472 passageiros afirmaram ter enfrentado algum tipo de problema em voos desde 2023. Apesar disso, mais de 80% não recorreram ao Judiciário.

A pesquisa buscou medir a proporção entre os conflitos vividos e as ações judiciais abertas, além de entender quais caminhos os consumidores procuram antes da Justiça. Grande parte dos que acionaram os tribunais já havia tentado resolver a situação de forma direta com as companhias aéreas ou com os órgãos de defesa do consumidor.

Resultados das ações judiciais

Nos casos que chegaram ao Judiciário, os números indicam que os consumidores têm obtido bons resultados:

  • 29,7% relataram vitória em todas as ações;
  • 15,1% tiveram mais decisões favoráveis que desfavoráveis;
  • 10% perderam integralmente os processos;
  • 36% ainda aguardam julgamento.

Conclusão

Para o promotor Adriano Ávila, o levantamento mostra duas faces da relação entre passageiros e companhias aéreas. “Os dados revelam uma baixa disposição do consumidor em judicializar os problemas, mas também demonstram uma insatisfação significativa com os serviços prestados”, destacou.

De acordo com os organizadores, a pesquisa funciona como uma radiografia importante para estimular mudanças no setor. A expectativa é que os resultados sirvam de alerta para que as companhias aéreas assumam maior responsabilidade e melhorem a qualidade do atendimento aos usuários.

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