O vice-presidente da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), deputado Jânio Xingu (PSB), solicitou aos demais deputados que não votem projetos de autoria do Executivo enquanto o Governo do Estado não der uma resposta concreta a problemas que têm afetado a vida de cidadãos roraimenses. Ele citou como exemplos o cancelamento de concursos e questões ligadas aos servidores públicos.
O pedido foi feito durante sessão plenária desta quarta-feira (27), no plenário Noêmia Bastos Amazonas. O parlamentar ressaltou a precariedade financeira que tem atingido milhares de famílias. “Há mais de 60 mil pessoas passando fome em Roraima”, lamentou Xingu, ao citar que outra preocupação são servidores que temem perda de direitos pela não execução de planos de cargos e salários e a não realização de concursos públicos.
“Enquanto não houver uma discussão clara de que o Governo de Roraima vai fazer pelo povo, essa Casa não pode votar nenhum projeto a favor do Governo”, ressaltou o parlamentar.
Ele disse ainda que levará este pedido à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e aproveitou para convocar uma audiência pública para ouvir Governo, concurseiros e concursados, a fim de encontrar uma solução para estes problemas.
Deputados apoiam decisão e cobram providências do Governo
Em aparte, o deputado Gabriel Picanço (PRB) compartilhou do mesmo pensamento de Xingu e sugere diálogo com o governador Antônio Denarium, para saber os rumos tomados pelo Executivo para resolver questões que travam o desenvolvimento de Roraima.
Outro a usar a palavra foi o deputado Renato Silva (PRB). “O problema do Estado de Roraima não é o servidor público, não é o concursado. O problema são os contratos superfaturados”, afirmou o parlamentar. Ele garantiu que, como presidente da Comissão de Viação, Transporte e Obras, irá fiscalizar todos os contratos existentes no Executivo e torna-los públicos.
Já o deputado Jorge Everton (MDB) disse que não aceita que pais e mães sejam demitidos, concursos sejam cancelados e PCCRs não cumpridos sem diálogo com o Legislativo. “Não se deve aprovar por aprovar os projetos. Eles não podem ser tratados no escuro e jogado no plenário para aprovação, apenas. Precisamos dialogar, discutir nas comissões e construir um entendimento e, junto com a Base, ver a melhor solução”.
O líder do Governo na ALE-RR, deputado Soldado Sampaio (PCdoB), defendeu a postura do Executivo nos três primeiros meses de atuação em 2019. Afirmou que não deixará de lutar pelas classes de trabalhadores e continuará a dialogar com os movimentos e sindicatos. “Quanto aceitei ser o líder, foi para ajudar a conduzir e esta Casa tem o papel importante para encontrar e retomar o caminho do desenvolvimento. É preciso fazer os ajustes necessários e isso o Governo está se propondo a fazer.”
Nilton do Sindipol (PATRI) apontou para falta de planejamento no Estado. Ele não concorda, por exemplo, com determinados pagamentos para cooperativas, dinheiro que poderia ser investido na estrutura do próprio estado. Reforçou que na semana passada, protocolou um pedido de reunião dos parlamentares com o chefe do Executivo para discutir as situações. “O povo está passando fome, não tem comida, não tem Saúde, não tem Educação”.
Dhiego Coelho (PTC) enfatizou que em três meses, o Governo já deveria ter atos concretos em benefício da população. “Estamos fechando 90 dias de Governo e não estamos vendo nenhuma atitude positiva.”
A deputada Ione Pedroso (SD) usou a movimentação indígena em frente à Assembleia Legislativa para alertar que estas pessoas também foram atingidas pela crise. “Nós também devemos ter um olhar especial voltado a esse povo que vive em condições de precariedade.”
Já a deputada Betânia Medeiros (PV) concluiu ao frisar que a Assembleia Legislativa não pode ser omissa perante os problemas do Estado. “O povo sofre sem medicamento, nas filas dos hospitais. O povo de Roraima não elegeu 24 deputados para se calarem. Independente de sermos a favor ou contra, temos que pensar a favor do povo.”