A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, defendeu na última sexta-feira (8) que as universidades são “territórios em retomada”, durante o XII Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (ENEI), realizado em Manaus (AM). Isso porque os povos indígenas demandam cada vez mais presença e participação nesses espaços. Para ela, as universidades são semelhantes aos territórios indígenas, pois vão muito além de espaços físicos.
De acordo com a presidenta, as universidades são espaços dinâmicos de produção de conhecimentos, reunião de saberes e preservação de memórias. Assim como os territórios indígenas que vão além de terras demarcadas. São a base da vida, cultura, memória, identidade e força dos povos indígenas. “As universidades não são simplesmente um prédio onde está montada toda uma estrutura física, mas espaços que reúnem pensadores, formadores, educadores, profissionais. E é um espaço que não é parado, é um espaço que anda”, disse Joenia, em referência à produção de conhecimento nas instituições.
Com base nesse entendimento, ela explica a relação com o território. “Ele não se separa do corpo e também da memória. Quando você coloca corpo, território e memória, o corpo é justamente o que faz o que nós somos hoje. É a nossa identidade, é a nossa força, é a forma de viver, juntamente com o nosso território. Então nós podemos comparar com a universidade”, afirma a presidenta da Funai.
O XII Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas teve como tema “Justiça Climática e Direitos Humanos: As Ciências Indígenas como Rede de Trocas para o Equilíbrio Humano no Mundo Terrestre”, considerando que os povos indígenas, a partir de suas ciências indígenas, têm desempenhado um importante papel na Conservação Ambiental e na promoção dos Direitos Humanos. O evento reforçou o protagonismo indígena na produção acadêmica e a defesa de políticas afirmativas no ensino superior.
Isabel Cristine dos Santos, indígena do povo Munduruku e coordenadora do ENEI, explica que foram debatidos temas como território, justiça, direito das mulheres, diversidade cultural, sociedade e identidade. Ela conta que cerca de 1,7 mil estudantes indígenas de diversos estados participaram do evento.
“Foi um momento de muito fortalecimento e de protagonismo das ciências indígenas e tudo aquilo que os estudantes indígenas têm produzido nas universidades. O nosso principal objetivo foi chamar a atenção das universidades para conhecer a luta dos estudantes indígenas a nível nacional. E também para que olhem para os estudantes indígenas do Amazonas e cedam o nosso direito ao vestibular indígena diferenciado, com acesso, permanência e direito a uma formação exitosa com direito à bolsa, com direito à moradia”, enfatiza.