Como resultado da I Oficina do Plano de Recuperação Ambiental da Terra Indígena Yanomami (TIY) – A floresta brotando de novo, houve a definição do grupo de pesquisadores indígenas e as atividades a serem desenvolvidas nos próximos meses. Também foi concluído o planejamento das atividades em campo, as quais serão iniciadas em agosto, na região do Rio Mucajaí. A oficina ocorreu no período de 5 a 10 de maio no Centro Regional Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.
Um dos participantes, o presidente da Associação Wanassedume Ye’kwana, Júlio Ye’kwana, destacou que a parceria com os pesquisadores não indígenas é uma oportunidade de trazer de volta a vida para o território.
“Somos seres vivos, a gente quer viver, a gente quer escutar os cantos de pássaros, o ruído das cachoeiras, o vento. Nós queremos o vento bom, não o vento sujo. Hoje em dia o vento está agressivo, porque a floresta está destruída. Então, nós queremos curar [a floresta], por isso estamos aqui para lutar pela nossa vida. E, com os pesquisadores não indígenas, nós vamos trabalhar bem e juntos para voltarmos a escutar os sons da natureza”.
A coordenadora de Conservação e Recuperação Ambiental da Funai, Nathali Germano dos Santos, ressalta a importância da participação dos indígenas da TIY na construção do plano e posteriormente na implementação.
“A partir de uma escuta ativa a respeito das demandas dos indígenas e suas visões sobre a recuperação ambiental, foi possível ir além do planejado e pactuar a execução de ações ligadas à recuperação ambiental que são possíveis de ocorrerem durante o processo de construção do plano”.
O coordenador técnico científico do projeto pela Universidade de Brasília (UnB), Maurice Tomioka Nilsson, reforça o protagonismo da perspectiva indígena na construção e execução do plano. “Nós optamos por sempre aceitar o protagonismo Yanomami e Ye’kwena nas opiniões e, portanto, seguir a linha do que é mais importante para eles e, de fato, resolver os problemas bastante evidentes das comunidades”.
Durante a oficina foram discutidos os danos socioambientais causados pelo garimpo nas áreas mais afetadas na Terra Indígena Yanomami. São elas: Ketawa, Homoxi, Haxiu, Xitei, Catrimani I, Kayanau, Papiu, Alto Mucajai, Apiau, Baixo Mucajai, Palimiu, Waikas, Awaris e Onkiola.
Plano de Recuperação Ambiental
Para a construção do Plano de Recuperação Ambiental da TIY, o projeto contará com o trabalho de 11 pesquisadores indígenas representantes das diferentes áreas afetadas pela ação da garimpo e com a participação de instituições governamentais e da sociedade civil parceiras. Também haverá o acompanhamento, monitoramento e orientação das cinco associações indígenas Yanomami e Ye’kwana de Roraima: Hutukara, Texoli, Urihi, Wanassedume e Ypassali.
O plano está sendo elaborado no âmbito do Termo de Execução Descentralizada (TED) firmado entre a Funai e a UnB, por meio do Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS), em parceria com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Também conta com apoio da Força-Tarefa de Desenvolvimento Sustentável Yanomami e Ye’kwana (FTYY), criada pela Funai. A realização da oficina é uma iniciativa da Funai, do MPI e do CDS/UnB.