Na hora de organizar as contas ao longo do ano, o contribuinte brasileiro já sabe que precisa se planejar para pagar suas obrigações tributárias. Seja o imposto do veículo ou do imóvel. Mas, afinal de contas, qual é a melhor forma de pagamento? Para ajudar com essa questão, o professor do Centro Universitário Estácio da Amazônia, Eduardo Merlin, afirma que tudo depende do percentual de desconto que é oferecido ao contribuinte.
De acordo com ele, se o valor do imposto for igual, seja pagando à vista ou parcelado, não tem vantagem pagar de uma única vez. Segundo o professor, é preciso que se faça um cálculo, por exemplo, quando ocorre o desconto: “Normalmente quando você faz uma aplicação, te oferecem juros de 1% ao mês, no máximo. Então se esse desconto for acima do que é oferecido pelo mercado, então é vantajoso pagar antecipado”, explica.
Merlin observa ainda que o contribuinte pode, inclusive, se organizar melhor e já financiar esse imposto para o ano seguinte. Ele deu um exemplo prático: se o imposto sobre o veículo (IPVA) for R$800, mas terá um desconto de 10%, o melhor é pagar à vista e mensalmente vai fazendo a reposição para a poupança, que ainda sairá ganhando mais. “Digamos que tenha R$1.000 na poupança. Se pagar à vista, com desconto de 10%, sairá por R$720,00. Na poupança fica 280,00. O valor mensal, parcelado em três vezes, será de R$ 266,00. No mês seguinte, a ideia é usar esse valor como se tivesse pagando parcelado. Só que você aplica de volta na poupança. Ao final dos três meses, juntando com os R$280,00, alcançou R$1.078. Ou seja, ganhou”, explica.
Mas o alerta do professor é que nesses casos só interessa o pagamento à vista para quem se organizou lá atrás, economizando reservas mensalmente do seu orçamento. “Portanto, tem que se preparar porque se não tiver condições, não compensa, por exemplo, pegar do cheque especial para pagar à vista, pois a taxa de juros é muito mais alta”, ressalta.
E sobre se planejar, Eduardo Merlin afirma que as economias são feitas não só para atender oportunidades de ganhar um desconto, mas principalmente para cobrir gastos imprevistos. “Todo mundo tem que brigar para fazer isso. Enquanto não fizer, não pode descansar”, afirma.
Para chegar ao patamar de ter uma reserva, o professor afirma que é preciso muito planejamento. “Quando receber o salário, guarde 10% para uma reserva de emergência e calcule quanto vai gastar nas compras necessárias para sua sobrevivência, aquelas que não podem deixar de fazer. Só depois disso tudo, o que sobrar está liberado para gastar”, explica, ressaltando que a falta de uma poupança pode desencadear uma dívida futuramente, caso ocorra uma emergência e tenha que cair “no vermelho” do cheque especial.
Ele aconselha ainda a ficar sempre alerta sobre as compras que são feitas sem necessidade. Para o professor, uma compra pequena pode aparentemente dar a sensação de que a pessoa não está se endividando. “Mas as pequenas dívidas quando somadas tornam-se uma grande dor de cabeça. Portanto, se o objetivo é ter sucesso financeiro, o foco deve ser ‘gastar bem’, e evitar as arapucas financeiras como cartão de crédito, pequenos gastos, financiamento, instabilidade funcional ou compras para terceiros”, orienta.
Ele aconselha também a quem está endividado e quer mudar. Merlin é taxativo: é preciso ter consciência de que por um bom tempo não terá como gastar com supérfluos. “Se a pessoa parcela a dívida que tem, como cheque especial ou o cartão de crédito, ela precisa entender que até o final do parcelamento não vai mais fazer compras desnecessárias. Então enquanto tiver dívidas negociadas, tem que cortar todos os gastos. É dizer: não tenho”, afirma.