A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em parceria com o Distrito Sanitário Especial Yanomami e Ye’kuana (DSEI-YY), promoveu um passeio educativo para 26 crianças dos povos Yanomami e Ye’kwana na última terça-feira (14). As crianças indígenas visitaram o Parque do Rio Branco, em Boa Vista, no estado de Roraima. O passeio foi pensado exclusivamente para as crianças para proporcionar uma interação positiva com o ambiente urbano em um espaço seguro, construído para incentivar a criatividade e a autonomia infantil.
Com mais de 160 esculturas da fauna e flora amazônicas, balanços, escorregadores e áreas secas e molhadas, o Parque do Rio Branco abriga a maior Selvinha Amazônica de Boa Vista, sendo um dos mais procurados pela população do município para passeios com as crianças. No dia do passeio, a Selvinha abriu para receber, com exclusividade, as crianças que são atendidas pela Casa de Apoio à Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (CASAI – YY). Elas foram acompanhadas por profissionais de educação, antropologia e saúde e intérpretes.
Por cerca de um mês, a Coordenação de Gênero, Assuntos Geracionais e Participação Social (Cogen) da Funai planejou a logística do passeio e outras medidas necessárias para garantir a segurança e evitar quaisquer intercorrências negativas para a saúde dessas crianças durante a atividade. Desse modo, a visita ocorreu em segurança, proporcionando uma atividade prazerosa, bem como uma interação positiva das crianças com o espaço urbano. A Funai contou com o apoio da equipe multidisciplinar da CASAI–YY e da Fundação de Esporte, Turismo, Educação e Cultura de Boa Vista (FETEC).
Combate à violência
O passeio encerrou uma série de atividades desenvolvidas pela Cogen. A equipe foi reforçada para atuar em Boa Vista na execução de um plano de trabalho cujo foco é realizar estudos e ações que viabilizem o enfrentamento à violência contra meninas e mulheres Yanomami.
Iniciadas no final de agosto de 2024, as ações incluíram oficinas de pintura corporal; artesanato com miçanga e lã; produção audiovisual; desenho; construção de um mural; brincadeiras; palestra sobre cuidados pré-natais; rodas de conversa sobre violência; etnomapeamento participativo; incentivo à prática esportiva e coleta de materiais para adorno corporal (fibras de plantas, jenipapo e urucum).
A coordenadora de Gênero, Assuntos Geracionais e Participação Social da Funai, Lídia Lacerda, destaca a importância das ações. “As atividades promovem espaços de convivência amistosos, consolidação de vínculos familiares e comunitários, transmissão intergeracional de conhecimentos, trocas de experiências e ações de formação sobre o direito de mulheres e meninas voltadas, principalmente, para o fortalecimento e autonomia das mulheres”, explica.
As atividades realizadas tiveram um impacto positivo no público atendido pela CASAI-YY — pacientes Yanomami e Ye’kwana e seus acompanhantes. As ações são reconhecidas e avaliadas positivamente pelos indígenas; profissionais da CASAI-YY e DSEI-YY; Médicos sem Fronteiras; Instituto Socioambiental (ISA) e Hutukara Associação Yanomami.
A Funai vai compartilhar com as instituições parceiras um estudo diagnóstico sobre o fluxo de atendimento às meninas e mulheres vítimas de violência, um estudo antropológico preliminar sobre a percepção dos Yanomami em relação a essas questões, bem como um tutorial sobre o passo-a-passo das atividades para que possam ser realizadas por outras instituições que atuam junto a esses grupos indígenas nos estados de Roraima e do Amazonas.