O último levantamento do Monitoramento dos Focos Ativos por Estado do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mostra que o estado de Roraima já apresentou neste começo de ano o número de 67 focos de incêndio na região. As informações causam preocupações e especialistas alertam o setor de agropecuária.
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) apresentou um informativo na última segunda-feira, 6, sobre a previsão do tempo entre os dias 6 e 13 de janeiro de 2025. Em Roraima, a expectativa é que as chuvas deverão ficar abaixo de 20 mm.
De acordo com o engenheiro-agrônomo e fiscal agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária (Aderr), Gustavo Menezes, apesar do nível baixo, o Estado ainda deve apresentar uma boa quantidade de chuvas durante o verão.
“É um verão com chuvas acima da média devido à La Niña, que é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, e isso aumenta a chuva aqui no Estado. Essas chuvas apresentam uma boa intensidade luminosa do sol, fazendo com que as plantas cresçam rapidamente. A umidade do ar é muito baixa e a planta acaba tendo uma evapotranspiração muito forte. Os ventos e a temperatura deixam a planta com baixa quantidade de água e ela passa a pegar fogo de forma mais rápida”, explica.
Por esse motivo, Gustavo alerta os agropecuaristas, pois com as chuvas há uma folga nos cuidados dos pastos e economia em fazer os aceiros, que é uma faixa de terra sem vegetação, criada para impedir a propagação de incêndios em áreas agrícolas ou florestais.
“A temporada chuvosa faz com que os agropecuaristas tendenciem a economizar na hora de realizar os aceiros, podendo então causar grandes perdas de pastagem e empobrecimento dos solos devido ao fogo. Temos dias de intensidade solar e ventos de verão roraimense, que podem, em questão de horas, deixar aquela planta desidratada ao ponto de pegar fogo facilmente”, disse.
Conforme o ambientalista Silvio Teixeira, os principais impactos ambientais resultantes das queimadas são o aumento da temperatura e a qualidade do ar, que piora por conta da fuligem, no qual o vento leva a uma longa distância.
“Esses incêndios afetam principalmente a saúde do ser humano, causando doenças respiratórias, assim como o trânsito nas estradas, que fica difícil de trafegar, causando acidentes. As queimadas também aumentam os riscos de perdas de bens, como casas, plantações e animais, principalmente de pessoas que moram nas zonas rurais, onde normalmente estão mais próximas dos incêndios. Situações como essas já aconteceram no verão passado”, ressalta.
Prorrogação das ações da Força Nacional para o combate à incêndios
O Governo Federal publicou nesta quarta-feira, 8, uma portaria que autoriza a prorrogação da Força Nacional em Roraima por mais 30 dias, entre o período de 16 de janeiro a 14 de fevereiro de 2025.
O objetivo é que os agentes prestem apoio às Polícias Civis dos Estados e à Polícia Federal na investigação e combate às causas de surgimento de incêndios por ação humana.