O governador quatro vezes cassado de Roraima, Antonio Denarium (Progressistas), usou o tempo de entrevista em uma rádio local neste domingo (8), para mentir – como de costume – à sociedade roraimense. Denarium disse durante o programa semanal de Getúlio Cruz, acredite, que a culpa pela precariedade na saúde pública estadual é da prefeitura de Boa Vista. Mais uma vez, o governador de Roraima se esquiva de suas responsabilidades e tenta jogar a culpa de sua incompetência para o prefeito Arthur Henrique (MDB).
Na iminência de deixar o Palácio Hélio Campos ainda este mês, o governador confessou já ter em mente seu próximo plano: o de se candidatar a senador por Roraima nas eleições de 2026. Isso pode até acontecer, de fato, desde que as inúmeras cassações (incluindo a da Assembleia Legislativa que está à caminho), não o tornem inelegível. Se confirmado seu imediato afastamento pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nos próximos dias, Denarium não conseguirá concorrer ao próximo pleito.
Ladeado pela sua carrasca de estimação, a secretária de Saúde, Cecília Lorezon, o governador tenta desassociar a má gestão da Sesau de si próprio, colocando mais uma vez a culpa pelos erros da gestão na prefeitura de Boa Vista. A pasta, que já foi alvo de inúmeras operações da Polícia Federal ao longo da gestão Denarium e que só piorou em termos de qualidade de atendimento e de escândalos após Cecília ter assumido o comando, vai de mal a pior. Faltam medicamentos básicos, insumos e as cirurgias têm sido canceladas aos montes. Pacientes relatam o caos dentro de todas as unidades de saúde do governo do Estado, sem exceções. Mas, para os reis das licitações, a saída é mentir, ao invés de resolver.
A tática de colocar os erros na conta da prefeitura não é nenhuma novidade, já vem sendo adotada desde os primeiros escândalos envolvendo a Maternidade Nossa Senhora de Nazareth, ainda quando estava na situação de lona, e a mortalidade infantil bateu todos os recordes em Roraima. Desde esta situação, que o governador e a secretária usam a estratégia covarde e mentirosa de dizer que as mães perderam seus filhos naquela unidade por “não terem feito adequadamente o pré-natal da prefeitura”, o que já foi desmentido por todas as mães vítimas do descaso e pela Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA).
A artista plástica Carmésia Emiliano, que perdeu sua única filha e neta na maternidade de Denarium e Cecília, está inclusive, processando o governo de Roraima pela acusação leviana e irresponsável da falta de pré-natal. A filha dela, Carmem Elisa, morreu durante o parto em setembro deste ano na unidade, e o governo quis colocar a culpa na prefeitura também. Um protesto chegou a ser realizado por familiares e amigos, e um inquérito foi aberto pela Policia Civil para investigar as mortes.
A Sesau insiste em permanecer na tática de retirar de si a culpa pelas malfeitorias da pasta e, pior, em um golpe baixo, mostra-se interessada também em prejudicar o serviço alheio. Mais recentemente, foi a vez da situação da triagem neonatal. A Secretaria simplesmente avisou que parou de oferecer os testes do pezinho, orelhinha, olhinho, linguinha e coraçãozinho, para crianças que não tenham nascido lá na maternidade. Informou que se a criança tiver nascido em casa, cidade do interior, ou em hospital particular, que a mãe procure os postos de saúde da prefeitura para fazer os testes, não vá na maternidade. Por aí você já tira que a preocupação da pasta não é com a saúde do bebê, não é o bem estar da mãe, é, simplesmente, fazer politicagem.
Como a lei estabelece que a partir do 5° dia de vida a atenção básica já seja dada pelo município, foi a maneira que a Sesau encontrou que atrapalhar de alguma forma o trabalho da prefeitura. O município não se abalou com a suspensão do serviço na maternidade e informou que a rede de postos e unidades básicas sempre possuiu todos os testes para esse público. Já foram mais de 35 mil esse ano. É só chegar.
Se formos comparar o que tem sido feito pela saúde na prefeitura e no Estado, o abismo é gigante. A prefeitura ampliou o horário de atendimento das unidades de saúde, indo até à noite. Abriu UBS na zona rural de Boa Vista, ampliou o número de médicos (tornando-se a maior cobertura proporcional do Brasil em saúde da Família), além de ter feito concursos públicos, reforma e ampliação das UBSs e do Hospital da Criança Santo Antônio, dentre tantas outras ações que mudaram de verdade a vida das pessoas, sem mentiras, propaganda enganosa ou firulas, como acontece comumente no governo de Roraima.
Sendo uma cidade-estado, concentrando aqui a maior parte dos atendimentos de saúde de toda Roraima (além de Guiana e Venezuela), e com um orçamento infinitamente menor (e sem desvios de destinação) o prefeito Arthur faz escola: um bom gestor, responsável com o dinheiro público e com os dois pés no chão sobre aquilo que precisa melhorar em sua gestão.
Ao invés de mentir, quando encontra algum problema na saúde, Arthur corre atrás de resolver. Vai a Brasília, pede dinheiro a Lula (PT), aos deputados por Roraima, aos senadores, a quem quer que seja: amigo, adversário, compadre ou companheiro. Por que quem está preocupado em gerir a cidade, em fazer com que o número de atendimentos seja ampliado, que medicamentos e insumos cheguem até os pacientes, jamais encontrará tempo para mentir em programa de rádio, colocando a culpa por erros seus em terceiros.
O aumento de encaminhamentos dos postos para a rede de média/alta complexidade (Estado) aumentou, é óbvio. A cidade de Boa Vista foi a que mais registrou aumento populacional no país, segundo o IBGE. Foram 45% a mais de moradores, em pouquíssimos anos. Por isso, a rede de saúde do município aumentou, enquanto a do governo de Roraima estagnou ou só piorou.
Enquanto a prefeitura organiza o edital para mais um concurso público nos primeiros meses de 2025, servidores da saúde do Estado estão há mais de dez anos sem concurso, e reforço na ativa é feito somente por seletivados (sem direitos garantidos), ou comissionados, à mercê da perseguição vingativa de Cecília Lorezon, que mesmo sem pessoal, transfere até os concursados de lotação caso este servidor não esteja disposto a seguir pianinho sua cartilha.
Sem ter mais Suely para colocar a culpa, passados seis anos de governo, quatro cassações no currículo e enfileirados escândalos de corrupção na conta, grande parte deles ocorridos na própria Secretaria de Saúde, Denarium sai pela porta dos fundos do palácio Senador Hélio Campos. Envergonhando aos eleitores que confiaram nele e depositaram ali suas chances de terem acesso a serviços públicos de qualidade e com dignidade. Não tiveram.
Neste meio tempo, o único projeto que o governador conseguiu entregar ao povo de Roraima foi o pagamento dos servidores em dia. Esta é a sua realização em seis anos de gestão. No mais, é mentira, escândalo ou prevaricação. Para além da questão política, Denarium se consagrou como o pior gestor da Saúde pública da história de Roraima. É este o legado que ele e sua escudeira Cecília vão deixar para Roraima.