Surucucu, em Roraima, ganhará um novo centro de referência de saúde indígena. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, participa, nesta terça-feira (27), do ato que marca o início das obras. A construção faz parte do fortalecimento da assistência ao povo Yanomami. A ministra fala via internet. Devido às fortes chuvas na região, a aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) não teve condições de pousar em Surucucu.
Cerca de 10 mil indígenas serão beneficiados em 60 comunidades do território. A obra faz parte de um acordo de cooperação entre o ministério, a Central Única das Favelas (CUFA) e a ONG alemã Target Reudiger Nehberg. A construção custará R$ 23 milhões — R$ 15 milhões do Ministério da Saúde e R$ 8 milhões da CUFA e da Target. O novo centro comportará 54 profissionais de saúde.
O objetivo é reformar e ampliar as instalações físicas existentes, adaptando-as às necessidades de atendimento e aos padrões de qualidade estabelecidos, bem como aos programas de necessidades apresentados por profissionais de saúde atuantes na unidade.
Além disso, serão construídas novas edificações para alojamento de profissionais de saúde, refeitório e cozinha, garantindo melhores condições de trabalho e acolhimento aos usuários. Também serão implantados sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário e tratamento de resíduos, garantindo a segurança e a higiene do ambiente, além de equipar o Centro de Referência com os recursos materiais e tecnológicos necessários para a prestação de serviços de saúde de qualidade.
Segundo a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), a construção “não só visa melhorar os atendimentos voltados para a saúde, mas também reafirma o compromisso contínuo com a proteção e o desenvolvimento sustentável das ações de saúde para as comunidades da região”.
Preservação da cultura e saúde
Nesta terça-feira, o plantio de uma árvore marcará o início de um novo ciclo e a vida que nascerá a partir dessa ação conjunta voltada para a saúde. O Polo Base Surucucu é o local onde foi demarcado oficialmente o Território Indígena Yanomami em 1992. Este local é crucial para a preservação da cultura e da saúde das comunidades indígenas locais.
Para não paralisar os atendimentos, foram construídos alojamentos provisórios para pacientes por meio da Sesai. O Exército e a ONG Médicos Sem Fronteiras disponibilizaram barracas e tendas de atendimento voltadas para a assistência durante a empreitada.
Ações emergenciais
O povo Yanomami tem a maior terra indígena do Brasil, com 10 milhões de hectares, mais de 390 comunidades e 30 mil indígenas. Desde janeiro de 2023, foram implementadas diversas ações emergenciais para reestruturar a saúde indígena no local, que sofreu um desmonte entre 2019 e 2022.
O Ministério da Saúde notificou queda de 33% no número de mortes no povo Yanomami. No primeiro trimestre de 2024, foram 74 óbitos. No mesmo período de 2023, os registros alcançaram 111. Os dados preliminares indicam que houve queda nos números de mortes causadas por: desnutrição (-71%), infecções respiratórias agudas (-59%) e malária (-50%).
O Ministério da Saúde reabriu sete polos base. Com isso, 5,2 mil indígenas voltaram a ter acesso à assistência. Atualmente, todas as 37 unidades estão em funcionamento.
O número de profissionais de saúde atuando no território Yanomami subiu 116%. Passou de 690, no início de 2023, para 1.497 agora.
Em 2024, houve aumento de 83,1% no número de exames realizados para diagnóstico da doença no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Yanomami, comparando-se com o mesmo período do ano anterior. O volume de testes passou de 37,5 mil no primeiro trimestre, para 68,7 mil no mesmo período deste ano.
A imunização foi reforçada. As doses de rotina passaram de 8.048 mil nos três primeiros meses do ano passado, para 11.872 neste ano — alta de 47,5%. Já as doses aplicadas em campanha saltaram de 3.225, em 2023, para 6.636 neste ano. O resultado significa aumento de 105% no período.
Por fim, a pasta concluiu 1,5 mil ações de infraestrutura e saneamento no território Yanomami, incluindo a reestruturação de 10 unidades básicas de saúde indígena (UBSIs), 80 operações de limpeza e manutenção de pistas de pouso para garantir a acessibilidade e segurança nessas áreas críticas. Houve, ainda, a instalação de 35 estruturas de tecnologia da informação e comunicação. Entre elas, antenas e maletas T3SAT.