Deputada Tayla Peres (Republicanos) e governador cassado Antonio Denarium (PP). Foto: divulgação/Secom RR.

Na ordem de promessas feitas pelo governador aos seus correligionários, não deu pra Mecias de Jesus (Republicanos), Gerlane Bacarin (PP), nem Ítalo Otávio (Republicanos)… os pretensos sucessores de Catarina Guerra (União) na chapa de oposição que quer tomar o comando da prefeitura de Boa Vista, viram a última possibilidade ter a deputada estadual concorrendo nas eleições deste ano, indo embora na manhã deste sábado (3).

O presidente da sigla, deputado Nicoletti (União), antecipou uma segunda convenção, que estava marcada para segunda-feira (5), para anunciar a escolha do partido: ele é o candidato. Ainda que Catarina Guerra estivesse com seus apoiadores para pressionar uma votação no diretório do partido, o deputado federal já sabia os caminhos formais para a conclusão de sua nomeação à disputa. Não adiantou alardear o nome da deputada no diretório nacional como se ela tivesse sido a escolhida pela direção nacional do União Brasil. O que se discutiu naquela votação é se o nome dela teria condições de concorrer também, caso Nicoletti desistisse. Não desistiu.

Nicoletti já tinha dado as cartas desde o princípio. Ele seria o candidato à prefeito pelo União Brasil, havendo apoio do governador ou não. O deputado tinha indicações dentro do governo, e mantinha um grau de parceria com Denarium. Porém, o nível de subserviência necessário para se encaixar nos requisitos do governador cassado para ter seu nome escolhido, não foram preenchidos pelo deputado. Na visão do grupo governista, Catarina seria o nome ideal por, em hipótese alguma, se rebelar contra o governador.

Antes de chegar a essa conclusão, o grupo sequer cogitou analisar se haveria viabilidade de construção de uma candidatura para ela. Tentou forçar a barra lançando, sem o aval do União Brasil, partido da deputada, sua pré-candidatura à prefeitura. Convocou servidores comissionados sob ameaças a comparecerem em duas falsas convenções para anunciar o projeto “Eu & Ela”, tal qual uma dupla sertaneja, sem que Catarina tivesse meios legais para concorrer. As catastróficas tomadas de decisões do grupo incluem deixar passar o prazo da janela eleitoral, para que Catarina pudesse mudar de partido e concorrer ao pleito. Eles nunca foram atrás disso, mesmo já tendo feito o primeiro anúncio de candidatura, em evento no CTG.

Nicoletti, mil vezes mais esperto, não abriu. Fala-se em uma proposta de bastidor na ordem de R$ 10 milhões, para que ele desistisse da disputa. Ele nega ter recebido a proposta e ainda frisa que sua campanha seria “inegociável”. É importante que se diga que o pré-candidato à prefeito terá a sua disposição algo em torno de R$ 120 milhões, só para as eleições desde ano em Roraima, pela sigla que ele mesmo preside. O montante de cada partido é calculado em cima da representatividade dessa sigla no Congresso Nacional. O União Brasil tem a terceira maior bancada do país.

Agora, sem ter pra onde correr, às vésperas de perder a cadeira-maior do Palácio Senador Hélio Campos (já que a confirmação se sua cassação está para entrar na pauta do TSE), Denarium mitiga a atenção e pretende lançar a pré-candidatura de Tayla Peres (Republicanos), herdeira do supermercado Peres, à prefeitura. Aos moldes de Catarina, Tayla não tem a experiência necessária para lidar com o cargo, não tem um trabalho de peso para mostrar – ainda que esteja em seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Roraima, e nem tem o hábito de discordar das decisões advindas do Palácio do Governo. Reza a cartilha conforme as ordens do grupo governista. É o perfil que Denarium quer, mas não é o perfil que Boa Vista precisa.

Só que antes disso, e trago aqui essa informação com exclusividade, o governador tentou um último cheque-mate em benefício próprio: Denarium, já cassado e de saideira, tentou seu gran finale: por meio de articuladores que ainda mantêm contato com Jair Bolsonaro (PL), tentou emplacar o sobrinho, o deputado Lucas Souza (PL), como “o novo André Fernandes (PL-CE) ou Nikolas Ferreira (PL-MG) de Roraima”. Entregou até um restaurante popular com as emendas do sobrinho. O único deputado prontamente atendido, justo em ano eleitoral.

A resposta não demorou: Bolsonaro rechaçou a ideia porque considerou que Lucas não tem “conteúdo”, “perfil”, ou “políticas assertivas”, que valessem a indicação do ex-presidente.  Mas achou “cômica” a comparação com os deputados federais jovens do PL feita por seu tio. O ex-presidente mandou avisar a Denarium que só apoia o que é bom para Roraima.

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